quinta-feira, 16 de março de 2017

Ki Tissá - O argumento do advogado Moshe


A Parashá dessa semana narra o fatídico pecado do bezerro de ouro, quando Bnei Israel, logo após ter recebido os dez mandamentos, ao achar que o líder Moshe não desceria mais do Har Sinai, construiu um bezerro de ouro e o chamou de Deus. O advogado de defesa do povo foi, obviamente, Moshe, que dialogou extensamente com Hashem a fim de conseguir o perdão de D’us.
            Em certo momento, Moshe apelou para um argumento pesado, quase que uma ameaça. Disse Moshe para Hashem: “E agora, se Você perdoar o povo, ou se não perdoar, apague-me do livro que você escreveu”. Moshe pediu para Hashem apagar o seu nome do livro da Torá, com o objetivo de conseguir o perdão para Am Israel.
O Kli Yakar (+-1600, Polônia e Praga), um grande comentarista da Torá, faz uma observação muito interessante. Se analisarmos o passuk, Moshe não apenas condicionou a sua solicitação na possibilidade de Hashem não perdoar o povo, como também pediu para seu nome ser apagado do livro mesmo que D’us perdoasse Am Israel. Explica o Kli Yakar que em ambos os casos Moshe via a necessidade desta punição. Primeiramente, mesmo que Hashem aceitasse o seu pedido de desculpas, ainda faltaria uma Kapará, expiação do pecado. As desculpas serviriam daquele momento em diante, mas ainda seria necessário fazer algo para expiar e limpar o pecado que havia sido cometido. Por outro lado, caso Hashem resolvesse não desculpar o povo, Moshe não teria mais nenhum motivo para viver, e, portanto, poderia ter seu nome apagado da Torá. Por isso Moshe sugeriu a D’us que tirasse o seu nome da Torá de qualquer maneira. No final, Hashem não acatou o seu pedido, mas como as palavras de um Tzadik nunca são em vão, este foi executado em uma das Parshiot, Tetsave, que lemos na semana passada.
Mas qual seria a vantagem de se apagar o nome de Moshe da Torá? Seria esta uma punição aleatória que ele sugeriu à Hashem ou será que havia uma lógica por traz do seu pedido? Para responder essa pergunta o Maguid de Duvna (1740-1804, Bielorrúsia) nos conta a seguinte parábola:
Em certo reino, havia um ministro muito importante do rei, que possuía um parente próximo que estava sempre cometendo delitos. Este ministro se preocupava bastante com o seu parente, e sempre lhe salvava a pele, ao falar com o rei para não puni-lo. Certo dia, porém, o parente cometeu um crime muito mais serio do que os anteriores. O crime foi tão serio que o ministro resolveu pedir ao rei para demiti-lo. “Por que? O que você fez de errado?”, perguntou o rei. O ministro respondeu: “enquanto eu estiver próximo de você, meu parente sempre contará com o fato de que eu o defenderei, e continuará cometendo crimes.”
A mesma coisa com Moshe. Toda vez que Am Israel pecava, Moshe imediatamente advogava por eles e conseguia o perdão de D’us. Após o bezerro de ouro, Moshe não aguentou, devido à severidade do pecado. Ele não queria mais ser usado como uma “garantia” pro povo pecar sabendo que haveria alguém para limpar a sua sujeira.


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