Quando Yaakov foi se encontrar com
seu irmão Essav pela primeira vez desde que fugiu para a casa de Lavan, ele
estava com muito medo. Não sabia o que estava por vir. Sabia que seu irmão era
louco, e poderia simplesmente mata-lo. Portanto, Yaakov fez o que todo judeu
faz em um momento de aperto: rezou para D’us: “...me salve, por favor, das mãos
de meu irmão, das mãos de Essav...” (Vaishlach 32,12). Esse pedido de Yaakov é
um tanto estranho. Todos sabemos que Essav é o irmão de Yaakov. Por qual motivo
Yaakov teve que fazer seu pedido duas vezes, primeiro mencionando o nome de
Essav, depois chamando-o de “meu irmão”?
Explica o Beit Halevi (1820-1892, Rússia)
que Yaakov na verdade estava fazendo dois pedidos diferentes, cada qual especificamente
relacionado à nomenclatura usada. Primeiramente, Yaakov estava preocupado com a
segurança de sua família, e rezou para Hashem lhes salvar do Essav perigoso e
agressivo. Porém, Yaakov também estava com medo que Essav fosse agir como “seu irmão”:
de uma forma correta e adequada, a fim de se aproximar de sua família. Yaakov
receou que, caso isso ocorresse, suas esposas e filhos pensariam que Essav era
bondoso, e se relacionariam com ele, podendo ser mal influenciados. Yaakov então
fez mais um pedido, para Hashem lhe salvar dessa situação. Por isso o passuk
está escrito desta maneira que parece um pouco repetitiva.
Essa atitude de Yaakov, de se preocupar
para não se aproximar daquelas pessoas que não lhe fariam bem, não foi inédita.
Na Parashá passada, quando Yaakov estava se despedindo de seu tio e sogro Lavan,
eles fizeram um pacto de paz, feito sobre um monte de pedras. Sobre isso, o
passuk nos diz que “Lavan chamou (o pacto) de Igar Sahaduta, e Yaakov o chamou
de Gal-ed” (Vayetse 31,47). Explica Rashi que as duas nomenclaturas possuem
exatamente o mesmo significado: “a pedra testemunha”. Só que o primeiro nome é em
aramaico, e o segundo é em hebraico. Por que Yaakov fez questão de dar outro
nome ao pacto, que possuía o mesmo significado do nome dado por Lavan, porém em
outra língua? Yaakov com certeza falava a língua de Lavan, após tantos anos morando
com ele! A resposta é que Yaakov quis mostrar justamente que era diferente de
seu tio, e que ele continuava o mesmo Yaakov que chegou lá, mais de 14 anos
atrás, com sua principal língua sendo o hebraico. Yaakov fazia questão de se distanciar
das más influências.
Essa explicação pode passar uma
imagem de um Yaakov isolacionista, que não se envolvia com nada que fosse
mundano. Porém, após se separar de Essav, a Torá nos conta que Yaakov chegou à
cidade de Shchem, onde está escrito que ele “acampou em frente à cidade”
(Vaishlach 33,18). Explica o Midrash que esse passuk quer dizer que Yaakov
abriu comércios na cidade. Yaakov também era um homem de negócios. Porém, sabia
conciliar sua vida cotidiana mundana, os seus afazeres, com sua ideologia e crença,
conseguindo assim decidir com quem fazer negócios, de quem se aproximar, e de
quem manter distância.
Todos
nós podemos ser considerados “pessoas desse mundo”. Constantemente interagimos
com todos os mais diversos tipos de pessoas, em nossos negócios, estudos, em
nosso dia a dia. Temos, porém, que sempre nos lembrar que, antes de tudo, possuímos
uma crença, uma religião, que, às vezes, nos fará agir diferentemente dos
outros.
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