A
Parashá dessa semana dá inicio ao quinto e último livro da Torá, Dvarim, praticamente
todo composto pelo discurso de Moshe antes de seu falecimento, advertindo-os
por seus pecados cometidos no deserto, e aconselhando-os para o futuro. Já que
esse livro repassa muito do que já está escrito anteriormente nos outros quatro
livros da Torá, ele é também chamado de “Mishne Torá”, uma repetição da Torá.
A
Torá, no inicio desse livro, descreve que Moshe proclamou o seu discurso após
ter ganho as guerras contra Og e Sichon, dois reis muito fortes que se situavam
nas proximidades da terra de Israel. Rashi no local explica que Moshe esperou
propositalmente que o povo chegasse perto da terra santa e sentisse um pouco de
seu “gostinho”, para depois adverti-los e lembra-los de seus pecados. Caso
Moshe fizesse isso antes de se aproximar de Israel, o povo poderia pensar: “o
que você quer conosco? Por que você está nos dizendo essas coisas?”
Segundo
o Midrash, as conquistas das duas guerras mencionadas acima aconteceram no mês
de Elul. Porém, Moshe apenas discursou ao povo no mês de Shvat, quase cinco
meses depois. Por que então Moshe não falou logo após as guerras, esperando
mais de quatro meses para faze-lo?
A
resposta se encontra em um outro Rashi em Parashat Vaetchanan (que será lida na
próxima semana). Rashi explica que Moshe pensou que após as duas grandes
conquistas contra Og e Sichon, talvez a sua punição de não poder entrar na
terra de Israel tivesse sido retirada. Ele havia chegado tão perto de Israel! Quiçá
Hashem o houvesse perdoado. Sendo assim, Moshe resolveu esperar para advertir o
povo pois ele queria faze-lo justamente próximo ao seu falecimento. E caso entrasse
em Israel, o líder viveria por mais tempo, o que consequentemente postergaria a
data de seu discurso. Apenas depois que Hashem, como descrito em Parashat
Vaetchanan, negou o pedido de Moshe de entrar em Israel, eliminando qualquer
possibilidade de isso acontecer, ele percebeu que a data de seu falecimento
estava chegando, e convocou o povo para a sua fala.
Cada
bom ato traz consigo méritos. Ações positivas são capazes de alterar o curso
dos fatos deste mundo. Ao fazer o bem, uma pessoa, inintencionalmente pode
estar contribuindo para que coisas boas aconteçam. Não cabe a nós julgar, e não
devemos agir com a intenção de nos beneficiarmos. Porém, assim como Moshe,
devemos ter em mente os efeitos que uma boa ação pode acarretar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário