No
início da Parashá dessa semana, após o trágico falecimento dos dois filhos de
Aharon, Moshe transmite para seu irmão um mandamento dizendo que ele não poderia
entrar no santuário do Mishkan quando bem quisesse. Haveriam períodos específicos
nos quais seria permitido para Aharon entrar lá. Ao analisarmos o passuk que
nos relata Hashem passando essa ordem à Moshe para este transmitir ao irmão,
notamos uma linguagem interessante: “diga à Aharon, o seu irmão, que não vá a
qualquer momento para o santuário” (Acharei Mot, 16,2). Todos sabem que Aharon é
irmão de Moshe. Inclusive, o próprio Moshe, obviamente sabia disso. Por que então
Hashem precisou mencionar para Moshe dizer à Aharon, “o seu irmão”?
Sobre
essas palavras, diz o Midrash que Hashem estava dizendo para Moshe o seguinte: “diga
à Aharon, o seu irmão, aquele mesmo que te encontrou, há muitos anos, quando você
foi nomeado o redentor do povo judeu no Egito, e se alegrou por isso.” Por esse
motivo o passuk diz “Aharon, o seu irmão”, em alusão àquele episodio no Egito.
Porém,
qual a relação daquele acontecimento, ocorrido muitos anos antes, com o atual
momento e o mandamento que Moshe tinha que passar para Aharon?
A
explicação se encontra na natureza dessa lei. Moshe deveria avisar o seu irmão Aharon
que, a partir daquele momento, ele estaria proibido de acessar o santo dos
santos no Mishkan fora dos períodos permitidos. Moshe, por outro lado, era a única
pessoa do povo que não possuía essa restrição, e tinha livre acesso. Sendo
assim, Moshe imaginou que se fosse ele quem transmitisse essa mensagem para
Aharon, isso causaria no irmão mais velho um sentimento de inveja. E foi
exatamente respondendo à essa preocupação, que Hashem recordou à Moshe quem era
Aharon: “o seu irmão, que, quando viu o irmão menor sendo escolhido para ser o
salvador do povo no Egito, se alegrou e não teve nenhuma inveja”. Moshe não precisava
ficar preocupado, pois Aharon não era invejoso. Ele sabia de suas qualidades,
entendia suas limitações, e respeitava o fato de seu irmão menor ser diferente,
possuindo alguns privilégios que ele próprio não tinha.
Aharon
nos ensinou, em dois episódios distintos, a importância de não se comparar com
o outro, de entender qual é a sua posição, e aceitar o fato de outros serem
diferentes. Se comparar com outras pessoas com o simples objetivo fulo de
aferir quem é “melhor”, não leva a nada. Temos que nos comparar com nós mesmos
e refletir se estamos melhores hoje, do que estávamos algum tempo atrás.
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