quinta-feira, 14 de abril de 2016

Metsorá - A Condução Coercitiva do Leproso

Um dos assuntos mais comentados no noticiário diário brasileiro é a operação Lava Jato, responsável por investigar e julgar vários políticos e outros profissionais envolvidos no maior escândalo de corrupção da história de nosso país. Uma das ferramentas da qual dispõem os investigadores da Polícia Federal é a condução coercitiva. O poder de levar alguém à forca para responder a indagações da polícia é frequentemente usado, inclusive tendo sido praticado com o nosso ex-presidente, Lula. Na Parashá dessa semana, também encontramos uma aplicação da condução coercitiva. No caso, com o metsorá, o leproso.
A Parashá dessa semana dá continuidade aos detalhes técnicos que envolvem a doença de tsaraat, um tipo especial de lepra, introduzido na Parashá passada. O foco do inicio de nossa Parashá é a recuperação de um leproso. Após os seus sintomas desaparecerem, havia um complexo ritual a ser realizado, quando eram trazidos sacrifícios e objetos simbólicos que consagravam a sua completa purificação.
O primeiro passuk de nossa Parashá diz que o leproso, a fim de dar inicio à sua purificação, deveria “ser levado ao Kohen”, aquele que era responsável por conduzir o processo (Metsorá 14,2). Esse passuk é a principio estranho. O normal seria a Torá ter usado uma linguagem ativa, ou seja, ter dito para o leproso ir até o Kohen. Ao escrever que ele precisava ser levado ao sacerdote, o passuk nos passa uma impressão de coerção, como se tivesse que ser à força. Será que é realmente assim?
O Or Hachaim (1696-1743, Israel), um grande comentarista da Torá, explica, baseado nas palavras de nossos sábios, o que o passuk quer realmente dizer. Realmente, a pessoa poderia ir de encontro ao Kohen por conta própria. Porém, o passuk escreve dessa maneira, implicando que ele seria levado, para ensinar que não se pode demorar. É preciso ir se purificar o mais rápido possível, não há um segundo a perder. Além disso, explica o Or Hachaim, se a pessoa estivesse “enrolando” para ir realizar o ritual de purificação, o Kohen realmente deveria buscá-lo e trazê-lo forçadamente. Pois uma pessoa não deve ficar nem um minuto a mais do que o necessário na condição de impureza.
Aprendemos do metsorá uma importante lição. Problemas e erros acontecem. Às vezes, são inevitáveis, e trazem consigo prejuízos. Nessas situações, a maneira correta de se agir é justamente como em nossa Parashá: ir imediatamente em busca da solução. O relógio continua avançando. Não há tempo a perder. Em momentos de dificuldade, a iniciativa de se recuperar não deve deixar nenhum espaço para a preguiça e a hesitação.


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