Um
dos assuntos mais comentados no noticiário diário brasileiro é a operação Lava
Jato, responsável por investigar e julgar vários políticos e outros
profissionais envolvidos no maior escândalo de corrupção da história de nosso
país. Uma das ferramentas da qual dispõem os investigadores da Polícia Federal é
a condução coercitiva. O poder de levar alguém à forca para responder a indagações
da polícia é frequentemente usado, inclusive tendo sido praticado com o nosso
ex-presidente, Lula. Na Parashá dessa semana, também encontramos uma aplicação da
condução coercitiva. No caso, com o metsorá, o leproso.
A
Parashá dessa semana dá continuidade aos detalhes técnicos que envolvem a doença
de tsaraat, um tipo especial de lepra, introduzido na Parashá passada. O foco
do inicio de nossa Parashá é a recuperação de um leproso. Após os seus sintomas
desaparecerem, havia um complexo ritual a ser realizado, quando eram trazidos sacrifícios
e objetos simbólicos que consagravam a sua completa purificação.
O
primeiro passuk de nossa Parashá diz que o leproso, a fim de dar inicio à sua purificação,
deveria “ser levado ao Kohen”, aquele que era responsável por conduzir o
processo (Metsorá 14,2). Esse passuk é a principio estranho. O normal seria a Torá
ter usado uma linguagem ativa, ou seja, ter dito para o leproso ir até o Kohen.
Ao escrever que ele precisava ser levado ao sacerdote, o passuk nos passa uma impressão
de coerção, como se tivesse que ser à força. Será que é realmente assim?
O
Or Hachaim (1696-1743, Israel), um grande comentarista da Torá, explica,
baseado nas palavras de nossos sábios, o que o passuk quer realmente dizer. Realmente,
a pessoa poderia ir de encontro ao Kohen por conta própria. Porém, o passuk
escreve dessa maneira, implicando que ele seria levado, para ensinar que não se
pode demorar. É preciso ir se purificar o mais rápido possível, não há um
segundo a perder. Além disso, explica o Or Hachaim, se a pessoa estivesse “enrolando”
para ir realizar o ritual de purificação, o Kohen realmente deveria buscá-lo e
trazê-lo forçadamente. Pois uma pessoa não deve ficar nem um minuto a mais do
que o necessário na condição de impureza.
Aprendemos
do metsorá uma importante lição. Problemas e erros acontecem. Às vezes, são inevitáveis,
e trazem consigo prejuízos. Nessas situações, a maneira correta de se agir é justamente
como em nossa Parashá: ir imediatamente em busca da solução. O relógio continua avançando. Não há tempo a
perder. Em momentos de dificuldade, a iniciativa de se recuperar não deve
deixar nenhum espaço para a preguiça e a hesitação.
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