Em toda a história, quando um povo saía para uma guerra,
uma das principais atitudes que os líderes tomavam era dar um discurso pra
levantar o moral dos soldados. Sobre esse assunto, encontramos em nossa Parashá
que antes de Am Israel sair para uma guerra eram proferidas aos soldados
algumas palavras: “Quando vocês se aproximarem de uma guerra, o Kohen chegará e
dirá: ‘ouça Israel’ (Shma Israel)”, e começava a discursar. Sobre essa introdução,
a Gmará (Sotá 42) aprende que o Kohen passava um mensagem aos soldados: “não se
preocupem se vocês pensam que não possuem méritos para vencer essa guerra.
Aqueles que simplesmente leem o Shemá, já é suficiente”.
Essa frase contradiz a continuação dos psukim. Pois assim
continuava o Kohen: “e quem for aquele que estiver com medo, pode voltar pra
casa”. Dizem nossos sábios, que o temor aqui se refere aos pecados que lhe
tirem o mérito de vencer a guerra. Mas como assim? Acabamos de falar que
simplesmente falar o Kriat Shemá já era suficiente! Agora parece que as pessoas
tinham que ser grandes tsadikim, para poderem guerrear.
Na verdade, o mérito do Kriat Shemá que mencionamos não é
simplesmente a leitura do trecho do Shemá, mas sim se refere ao conteúdo deste texto
tão famoso. Ao analisar o conteúdo do Shemá, nos deparamos com a aceitação
completa do jugo divino, que Hashem é o nosso D’us, devemos tudo à Ele, e por
isso vamos nos esforçar ao máximo para cumprir os seus mandamentos, e abandonar
os pecados. Como está escrito: “E vocês servirão a Hashem com todos os seus corações
e todas as suas almas”. Alguém que incorpora o que lê no Shemá, esse sim possui
méritos pra vencer uma batalha. Mesmo que ele ainda não é um tsadik completo!
Pois se ele se compromete (de verdade) a servir Hashem da melhor maneira possível,
nasce uma relação muito profunda com o criador, que lhe garantirá uma melhora
de comportamento no futuro, e o vencimento da guerra.
Lemos o Shemá em torno de 3 vezes ao dia. Já sabemos o que
este significa, e pra quem ainda não sabe, hoje existem os sidurim traduzidos. Porém,
na maioria das vezes, não incorporamos o que é lido. Pelo menos uma vez ou
outra, quando a pessoa se sentir inspirada, esta deve tentar falar o Shemá
focando no que está sendo lido e com a intenção de colocar em prática. A Torá
nos garante que quem faz isso é merecedor de muitas e muitas brachot.
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