“E Hashem vai destruir da sua frente aqueles povos, aos
poucos, você não deverá acabar com eles rapidamente, pois talvez os animais
selvagens aumentem”. Assim disse Moshe ao povo, ao se referir à conquista da
terra de Israel. Explicando melhor o passuk, Moshe abençoou: Hashem fará o povo
ganhar as guerras contra os povos que habitam em Israel. Hashem destruirá os
inimigos de Am Israel, porém isso não poderá ocorrer de uma forma rápida, pois
poderia apresentar um risco de aparecerem muitos animais selvagens devido às
terras ficarem desabitadas.
Ao analisarmos os psukim um pouco antes desse trecho, nos
deparamos com um relato de inúmeros milagres que Hashem fará ao povo quando
este entrar em Israel. Moshe compara todos os milagres que Hashem lhes fez no
Egito, e diz que o mesmo será feito com os inimigos na terra de Israel.
Portanto, será que Hashem não poderia fazer mais um ato grandioso de impedir os
animais ferozes de atacarem o povo, tornando assim possível a conquista da
terra de uma maneira muito mais rápida? Por qual motivo essas guerras deveriam
demorar mais tempo do que o necessário, apenas pelo medo do ataque de feras?
Além disso, Am Israel recebeu muitas Mitsvot que só seriam cumpridas após a
plena conquista da terra santa, o que quer dizer que essa demora implicou no
atraso do comprimento dessas Mitsvot! Temos aqui mais um motivo para as guerras
serem vencidas rapidamente solucionando a ameaça dos animais com mais um
simples milagre.
A resposta para essas perguntas se encontra em uma outra
questão. O que denotou a conquista da terra de Israel? Na verdade, ela não foi
apenas um fator físico, travado por guerras e batalhas, mas também uma vitória
espiritual. Como citado várias vezes na Torá, uma das principais coisas que
deveriam ser feitas quando o povo adentrasse Israel era tirar de lá a
idolatria, e implementar uma vida de santidade. Ou seja, as guerras físicas
eram sempre acompanhadas de espiritualidade. E essa conquista espiritual não
tinha como ser algo imediato, já que dependia do nível no qual o povo se
encontrava. Não adiantava acelerar o passo, fazer milagres, pois o próprio povo
deveria ir se elevando gradualmente, santificando suas vidas em Israel.
A ameaça que os animais ferozes representavam não era
apenas uma ameaça física, mas também espiritual. O povo só seria atacado pelos
animais se não tivesse méritos suficientes para lhes proteger. A mensagem de
Moshe era a seguinte: se a conquista da terra for feita de uma maneira muito
rápida, as pessoas não se encontrarão num nível elevado o suficiente, e
correrão o risco de um ataque. Apenas depois de um certo tempo, com a religião
judaica desenvolvida na terra de Israel, o povo poderia ficar tranquilo que não
seria passivo de uma ofensiva de animais ferozes, e venceria suas guerras
tranquilamente. Por isso também, o fato de demorar mais para se cumprir as
Mitsvot da terra não era motivo para se apressar sua conquista, pois o povo não
estaria preparado, por não haver tido tempo de desenvolver seus alicerces
religiosos em Israel.
Nosso país está rodeado de inimigos. Hamas embaixo, Hezbola
em cima, os sírios do lado e o Irã financiando o terrorismo global, além de
tentar produzir uma bomba atômica, que tanto está causando polêmica nesses
últimos tempos. Mesmo quando Obama e Jon Kerry fazem questão de nos confrontar
ideologicamente, não devemos temer. Israel possui um dos melhores e mais
tecnológicos exércitos do mundo. Porém, não é só isso. Israel não é um país
comum. É a terra escolhida por D’us, designada para abrigar Am Israel. Não
adianta apenas lutar, há de se desenvolver a religião judaica no local onde ela
mais se adequa. Israel é um país onde o espiritual e o material andam juntos,
são interligados, e o crescimento do primeiro é diretamente proporcional ao sucesso do segundo.
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