Parashat Vaetchanan dá continuidade ao discurso de Moshe
perante todo Am Israel, antes de seu falecimento. Moshe diz ao povo: “Olhe, eu
ensinei a vocês as leis e os dogmas, como me ordenou Hashem”, se referindo à
entrega da Torá. Por que no inicio Moshe usou a linguagem no singular (“olhe”),
e logo depois usou o plural (“a vocês”)? Além disso, Moshe pede pro povo olhar
algo que já ocorreu no passado, uma lembrança, que à principio é totalmente
abstrata no momento de sua fala. Como isso é possível?
A resposta está mais pra frente em nossa Parashá. Após
retratar o grande momento da entrega dos 10 mandamentos e repeti-los, Moshe diz
que Hashem falou com o povo com uma “voz forte que não acaba nunca”. Temos que
entender o significado disso, pois obviamente não se trata da voz
física-material que foi emanada no Har Sinai, uma vez que ninguém a escuta hoje
em dia. A explicação é que a palavra voz não deve ser entendida no sentido
literal. Na verdade, ela significa a influência da voz de Hashem, ou seja o
impacto da Torá em nossas vidas. Isso existe até hoje, 24/7 presente em nossas
vidas.
Agora podemos entender o que Moshe quis dizer com “olhe”.
Sua mensagem foi: veja como é grande a influencia da Torá em sua vida, como
você age, como você se comporta, tudo devido à um acontecimento que ocorreu há
vários anos. E justamente por isso o verbo “olhar” foi usado no singular, pois
cada pessoa possui sua singularidade, uma forma diferente de se conectar com
Hashem, um relacionamento diferente com os ensinamentos da Torá. Mas na entrega
da Torá no Har Sinai todos estavam presentes, e ouviram a voz de Hashem da
mesma maneira, por isso Moshe disse “ensinei a vocês”, no plural, já que todos
estavam juntos.
Um episódio que aconteceu há milhares de anos influencia
diariamente as vidas de cada integrante de Am Israel. É só olhar em volta. A
Mezuzá na porta, a comida na mesa, o tfilin no buffet da sala e os livros nas
estantes. Temos uma identidade, uma forma de agir e de pensar que provem de uma
tradição que se originou há mais de 3 mil anos, e continua firme e forte em
pleno século 21.
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