Quando era pequeno, eu costumava frequentar as colônias Gan Israel. No
final de cada colônia, os organizadores costumavam das prêmios para os
acampantes mais dedicados em várias áreas. O melhor de cada grupo, o melhor de
cada shiur, o mais dedicado nas rezas, e no final entregavam um diploma ao
melhor acampante de toda a colônia. Me lembro de uma vez, há muitos anos, que
na hora da distribuição desses prêmios eu estava empolgado. Havia me comportado
bem na colônia e tinha certeza que ganharia o prêmio de melhor acampante do meu
grupo. Porém, o tempo foi passando, deram o melhor do shiur pra um, o melhor da
reza pra outro, e não me deram o prêmio de melhor do meu grupo! Nessa hora de
decepção, me virei para o meu madrich e lhe mostrei o meu descontentamento. Ele
me respondeu: “calma, o seu vai ser ainda melhor”. Na hora entendi o que ele
estava me dizendo: eu ganharia o prêmio de melhor acampante de toda a colônia,
e foi isso que aconteceu.
Logo no início da Parashá dessa semana, encontramos a mitsvá do
acendimento das velas da menorá no Mishkan. Quem o fazia era o Kohen Gadol e
por isso Hashem ordenou Moshe a passar este mandamento ao seu irmão Aharon.
Rashi no começo deste assunto nos traz uma famosa pergunta e uma
explicação mais famosa ainda. A Parashá anterior terminou falando sobre as
oferendas que os presidentes de cada tribo trouxeram na inauguração do Mishkan.
E, como já citamos, essa Parashá começa tratando do acendimento da menorá. Como
já estamos cansados de falar, tudo na Torá tem um motivo, então a pergunta:
qual a relação entre esses dois assuntos? A resposta que Rashi traz é que
quando Aharon viu todos os nessiim trazendo suas contribuições ao Mishkan, ele
se sentiu mal de não poder participar dessa inauguração. Afinal, ele também
queria trazer um presente! Hashem lhe respondeu para não ficar melindrado, uma
vez que ele teria a sua chance de contribuir todos os dias, ao acender a menorá
no Mishkan. O
interessante é que Hashem disse para Aharon a seguinte frase: “o seu é maior do
que os deles”, ou seja o acendimento da menorá é um ato maior do que os korbanot
trazidos pelos chefes tribais. A pergunta que todos nós deveríamos estar
fazendo nesse momento é simples: por que?

Diz o Ramban em nossa Parashá que Hashem prometeu para Aharon que por
méritos dos kohanim a mitsvá das velas seria cumprida para sempre, apesar do
fato da menorá ter deixado de ser acesa após a destruição do Beit Hamikdash.
Todos conhecemos a história de Chanuka, quando o povo judeu, representado pela família
dos Chashmonaim, que eram kohanim, venceu a guerra contra os gregos, e
encontrou aquele pequeno pote de óleo que acabou durando oito dias. Em
agradecimento e para propagar esse milagre, todas as casas de Am Israel acendem
anualmente as velas de Chanuka. Segundo essa explicação do Ramban, a resposta
do Midrash faz muito sentido! Hashem quando disse para Aharon que a sua Mitsva
era maior que as dos nesiim já que duraria para sempre, estava se referindo à
mitsvá de Chanuka, que cumprimos hoje graças aos Chashmonaim, que eram descendentes
de Aharon! E não ao acendimento da menorá, como pensávamos no começo.
Muitas vezes vemos pessoas participando de algum evento, fazendo
alguma coisa ou recebendo algo, e desejamos o mesmo para nós. Queremos muito
isso, sabemos que merecemos! Nos perguntamos por que isso não está ocorrendo
com a gente. Isso pode acabar gerando um sentimento de decepção e
desapontamento. Porém, se aplicarmos a ideia dessa Parashá em nossas vidas,
mudaremos completamente o enfoque. Se não está acontecendo agora é porque agora
ainda não é o momento. A sua hora vai chegar. E há muita chance de o seu ser
ainda melhor do que o que você está vendo agora. Na Gan Israel, eu ri por
último. E ri muito melhor.
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