quinta-feira, 30 de abril de 2015

Acharei Mot - Renove o Seu Guarda-Roupas

Uma vez um amigo meu me contou que a cada ano sua mãe abre seu armário de roupas, seleciona a grande maioria das peças e manda para a doação. Após essa limpa, eles vão às compras, geralmente quando estão viajando nos Estados Unidos. Eu sempre lhe disse que isso é um absurdo. Qual seria o motivo de se livrar tão rápido de suas roupas? Cansou? Já não possuem mais a mesma qualidade? Nunca entendi isso. Porém, pode ser que o que sua mãe tinha em mente é uma ideia presente na Parashá dessa semana.
No início da Parashá nos é narrado todo o serviço que o Kohen Gadol, Aharon, fazia em Yom Kipur. É famoso o fato que todas as vezes que entrava no local mais santo do templo, ele retirava as roupas de ouro que estava usando e vestia roupas brancas. Em uma dessas vezes, a Torá descreve a seguinte cena que se passa depois que Aharon saía do Kodesh Hakodashim de onde havia retirado o incenso (16:23): “E Aharon tiraria suas roupas de tecido que acabara de usar no local santo, e as colocaria lá”. Uma parte desse passuk nos chama atenção. O que significa que Aharon “colocava suas roupas lá”? Onde era “lá”, e por que a Torá precisa nos dizer isso?
Rashi no local responde a primeira pergunta. Ele diz que colocar as roupas “lá” é na verdade uma importante lei a ser seguida todos os anos: as roupas que foram usadas no serviço de Yom Kipur daquele ano deveriam ser guardadas, e não poderiam nunca mais ser usadas no futuro. Porém, Rashi não nos explicou o motivo disso.
O Lubavitcher Rebe explica que a razão pela qual o Kohen não podia “repetir” as roupas no próximo ano é justamente a essência do trabalho de Yom Kipur. Em português, todos conhecem o famoso nome dado ao jejum: o dia do perdão. Na época em que o Beit Hamikdash existia, o trabalho lá realizado pelo Kohen Gadol era tão poderoso que fazia o povo se arrepender de seus pecados que haviam cometido no ano anterior. Além disso, sabemos que o próprio dia de Yom Kipur em si já limpa os pecados das pessoas. Cada ano que passa, somos renovados, limpos e saímos de Yom Kipur revigorados para seguir em frente. Sendo assim, o Kohen Gadol, que também passava por esse processo de renovação, não podia repetir a mesma roupa no próximo ano pois elas não seriam mais adequadas para vestir essa “nova pessoa” que realizaria o serviço sacerdotal. Para a edição melhorada do Kohen Gadol que se encontraria no templo no ano seguinte, era necessária uma nova roupa, feita sob medida.

Nós, principalmente as mulheres, temos de fazer jus à todas as roupas novas que compramos. Agora temos um motivo! Baseado nesse passuk dessa Parashá, cada vez que crescemos espiritualmente e melhoramos nossos atos, incluímos algo de positivo em nosso dia, deveríamos nos dar ao luxo de comprar uma peça de roupa nova, uma vez que somos transformados em novas pessoas. Que o incentivo do consumismo influencie a todos!

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