Ao escrever um Dvar Torá por semana, sempre tentando extrair uma
mensagem da Parashá, é bom tentar não repetir muito as ideias. É claro que
muitas vezes podemos aprender uma lição, um aprendizado, de vários lugares
diferentes. Mas quanto mais coisas novas aprendermos, melhor. Na Parashá dessa
semana, consegui encontrar um assunto inédito em nosso blog.
Esse shabat leremos na
sinagoga sobre os diferentes tipos de materiais que Am Israel doou para o Mishkan, e sobre os detalhes da construção de muitos
dos utensílios que lá seriam usados. Um desses utensílios era o Aron, um
armário revestido de ouro dentro do qual ficavam as tabuas da lei. Em cima do
Aron, como todos sabemos, estavam localizados os Kruvim, aquela escultura dos
anjos com cara de crianças. De tantos utensílios presentes no Mishkan, por que os Kruvim se localizavam justamente
acima das duas tabuas? Além disso, existe uma lei que todos os utensílios poderiam
ser construídos a partir de outros metais (caso não houvesse o metal necessário
como ouro ou prata), porém os Kruvim especificamente tinham de ser de ouro. Não
poderiam construí-los com nenhum outro material, e se em alguma situação não
encontrassem ouro, eles nem deveriam ser feitos. Por que isso?
Provavelmente existem muitas respostas bem complexas para essas duas
perguntas. Porém, li uma explicação muito bonita e gostaria de compartilhar com
vocês. Explica um rabino chamado Maharam Shapira,
de Lublin, Polonia: o foco está exatamente no formato dos Kruvim. Como citado
acima, eles tinham o rosto de crianças. Essas duas leis que trouxemos sobre
esses anjos nos mostram a importância da educação de nossas crianças. Desde
quando nasce, o bebe deve ser criado em um ambiente puro e com santidade, assim
como os Kruvim estavam localizados exatamente em cima do Aron, dentro do Kodesh Hakodashim, o lugar mais santo do Mishkan. Com a educação das crianças não se pode
brincar. Tem de ser tratada com nada menos que ouro, e esse é o motivo de
existir essa lei sobre os Kruvim. Há de se ter certeza que o seu filho está
acompanhado dos melhores professores, de amigos que são boa influência, vivendo
em ambientes de santidade.
A principio, pode não parecer tão importante assim criar uma criança
pequena em um ambiente de Torá e santidade. Ela é tão pequena, que diferença isso
fará? Porém, isso é imprescindível. Existe uma história na Guemará de um sábio
chamado Elishá Ben Avuia, que, após estudar muita Torá, decidiu largar o
judaísmo, e seguiu por um mal caminho. Muitas explicações são dadas para o que
aconteceu com aquele que era um grande sábio, fazendo-o de repente mudar de
rumo. Uma grande parte das explicações se relaciona a acontecimentos que
ocorreram em sua infância, que muitos anos depois chegaram a influenciar seus
atos e sua personalidade. Alguns até dizem que coisas ruins aconteceram quando
ele ainda estava na barriga de sua mãe! Aprendemos daqui que desde os
primórdios de sua vida, uma criança tem que ser tratada com ouro, da melhor
maneira possível.
Muito pode ser feito para obter a melhor educação para os filhos, e não
sou a pessoa ideal para falar sobre isso. O que sei porém, já que é um ponto
claro, é que a coisa mais importante de todas é o exemplo que se tem em casa.
Como disse uma vez certo sábio, o limão nunca cai longe do limoeiro.
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