Como todos sabem, a Torá deve ser escrita em um pergaminho. Para
dividir duas parshiot diferentes, há duas maneiras. A primeira, chamada de
Parashá Ptuchá, é quando uma parashá começa na próxima linha, como se tivesse
sido clicado “enter” após o final da parashá passada. Sobra um espaço na linha
anterior, mas a próxima parashá começa somente na linha debaixo. A segunda
forma de se dividir duas parshiot é denominada Parashá Stumá, quando a próxima
parashá se inicia na mesma linha onde se encerrou a parashá passada. Porém,
mesmo assim, existe um espaço vazio com o comprimento de nove letras entre as
duas porções.
Mas aqui escrevemos Dvar Torá sobre a parashá da semana, e não aulas
de cultura geral. Então como a informação trazida acima se relaciona com
Parashat Vayechi? Quem olhar na Torá, verá que a divisão entre a parashá
passada, Vaigash e a parashá dessa semana, não condiz com nenhuma das duas
formas que trouxemos. Vayechi é considerada uma Parashá Stumá, que se inicia na
mesma linha onde acaba Vaigash, porém não há nenhuma divisão entre as duas. Não
existe nenhum espaço do tamanho de nove letras, a última palavra de Vaigash é
logo seguida pela primeira palavra de Vayechi. Por que isso?
Rashi traz a
explicação de nossos sábios que a Torá quer nos ensinar que da mesma maneira
que essa parashá é totalmente “stumá”, ou seja, sem espaço nenhum, assim também
passou a ser a vida de nossos antepassados após a morte de Yaakov. Os olhos de
seus filhos ficaram “satum”, fechados. Essa explicação faz um jogo de palavras,
e compara a forma como a parashá foi escrita e a forma como ficaram os olhos e
os corações de Am Israel, uma vez que a mesma palavra pode ser usada para as
duas coisas: “satum”, que significa fechado. Rashi quis dizer
o seguinte: a parashá Vayechi nos relata a morte de Yaakov, e logo após isso
acontecer, se iniciou a escravidão do povo no Egito, portanto fechando os seus
olhos e seus corações, e isso é representado pela falta de espaço entre as duas
parshiot.

Explicam nossos sábios que, apesar de graças a D’us ninguém mais ser
escravo hoje em dia, ainda devemos nos preocupar com esse problema de “olhos e
corações fechados”. Estamos sempre tão empenhados e preocupados com nossas
atividades mundanas, que acabamos não tendo tempo para refletir sobre nossas
vidas, e nos dedicar a tarefas espirituais, que nos liguem com D’us.
Uma solução a curto prazo pode ser encontrada no Shabat. Este dia, conhecido por ser separado
dos outros dias da semana, deve ser aproveitado para se passar com a família,
pensar na vida, tomar boas decisões, e chegar em conclusões importantes sobre o
nosso dia a dia, coisas que às vezes acabam não acontecendo durante os outros
dias da semana.
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