quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Vayechi - A Mensagem da Formatação Do Texto Na Torá

Como todos sabem, a Torá deve ser escrita em um pergaminho. Para dividir duas parshiot diferentes, há duas maneiras. A primeira, chamada de Parashá Ptuchá, é quando uma parashá começa na próxima linha, como se tivesse sido clicado “enter” após o final da parashá passada. Sobra um espaço na linha anterior, mas a próxima parashá começa somente na linha debaixo. A segunda forma de se dividir duas parshiot é denominada Parashá Stumá, quando a próxima parashá se inicia na mesma linha onde se encerrou a parashá passada. Porém, mesmo assim, existe um espaço vazio com o comprimento de nove letras entre as duas porções.
Mas aqui escrevemos Dvar Torá sobre a parashá da semana, e não aulas de cultura geral. Então como a informação trazida acima se relaciona com Parashat Vayechi? Quem olhar na Torá, verá que a divisão entre a parashá passada, Vaigash e a parashá dessa semana, não condiz com nenhuma das duas formas que trouxemos. Vayechi é considerada uma Parashá Stumá, que se inicia na mesma linha onde acaba Vaigash, porém não há nenhuma divisão entre as duas. Não existe nenhum espaço do tamanho de nove letras, a última palavra de Vaigash é logo seguida pela primeira palavra de Vayechi. Por que isso?
Rashi traz a explicação de nossos sábios que a Torá quer nos ensinar que da mesma maneira que essa parashá é totalmente “stumá”, ou seja, sem espaço nenhum, assim também passou a ser a vida de nossos antepassados após a morte de Yaakov. Os olhos de seus filhos ficaram “satum”, fechados. Essa explicação faz um jogo de palavras, e compara a forma como a parashá foi escrita e a forma como ficaram os olhos e os corações de Am Israel, uma vez que a mesma palavra pode ser usada para as duas coisas: “satum”, que significa fechado. Rashi quis dizer o seguinte: a parashá Vayechi nos relata a morte de Yaakov, e logo após isso acontecer, se iniciou a escravidão do povo no Egito, portanto fechando os seus olhos e seus corações, e isso é representado pela falta de espaço entre as duas parshiot.
Precisamos entender um pouco melhor o que significa “os olhos e os corações se fecharam após o povo virar escravo do Faraó”. A explicação é que devido à imensa quantidade de trabalhos e o altíssimo nível de dificuldade, as pessoas simplesmente não tinham tempo para pensar em suas vidas. Não podiam parar um minuto, pois estavam sempre preocupados em sobreviver. Portanto, não podiam se dedicar a tarefas espirituais.
Explicam nossos sábios que, apesar de graças a D’us ninguém mais ser escravo hoje em dia, ainda devemos nos preocupar com esse problema de “olhos e corações fechados”. Estamos sempre tão empenhados e preocupados com nossas atividades mundanas, que acabamos não tendo tempo para refletir sobre nossas vidas, e nos dedicar a tarefas espirituais, que nos liguem com D’us.

Uma solução a curto prazo pode ser encontrada no Shabat. Este dia, conhecido por ser separado dos outros dias da semana, deve ser aproveitado para se passar com a família, pensar na vida, tomar boas decisões, e chegar em conclusões importantes sobre o nosso dia a dia, coisas que às vezes acabam não acontecendo durante os outros dias da semana.

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