quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vayetse - A Força De Nossas Mentes

Em Yom Kipur, na reza de Arvit, falamos a frase “Baruch Shem Kevod”, parte do Shema Israel, em voz alta. Porém, quando rezamos Arvit após o término do jejum, recitamos essa frase em voz baixa. Por que essa diferença? Todos conhecemos a famosa resposta que em Yom Kipur somos comparados aos anjos, que, nos céus, falam “Baruch Shem Kevod” alto, e portanto também o fazemos. Porém, talvez devido ao fato de estarmos tão acostumados a ouvir essa explicação, nunca paramos para pensar sobre ela. Quando nos sentimos mais elevados? Em que parte do jejum estamos mais parecidos com os anjos? Logo no inicio, quando estamos estufados após comermos uma grande refeição e ainda quase não rezamos, ou no fim, quando estamos há 25 horas sem comer, após termos rezado durante todo o dia? A princípio, teria mais logica se rezássemos como anjos no fim do jejum, não no começo!
Para responder essa pergunta, analisemos uma parte da Parashá dessa semana. Yaakov, quando estava em seu caminho para a casa de Lavan, teve um sonho. Nesse sonho, ele viu anjos subindo e descendo uma escada que ia do chão ao céu. Nossos sábios explicam que os anjos que estavam descendo eram aqueles que acompanhariam Yaakov quando ele estivesse fora de Israel, e os anjos que estavam subindo eram os que estavam lhe fazendo companhia na terra santa, que não tinham permissão para sair de lá. Quando Yaakov estava voltando para Israel, após ter trabalhado para Lavan por muitos anos e casado com suas duas filhas, a “troca da guarda” ocorreu novamente. Numa cidade chamada Machanaim, os anjos de Israel vieram lhe encontrar e os que estavam com ele subiram. O estranho é o fato de Yaakov ainda estar dentro da terra de Israel quando os anjos de lá saíram e os de fora chegaram. Por que isso não ocorreu no momento no qual Yaakov realmente deixou Israel, e sim antes? A mesma coisa quando ele voltou. Machanaim se situa fora da terra de Israel. Então por que não esperar Yaakov chegar na fronteira para ocorrer a troca?
A resposta é que a essência de uma pessoa não é definida pelo momento em que ela se encontra, e sim pelas intenções que estão em sua mente para o futuro. Yaakov, mesmo que estava em Israel, já estava com a mentalidade preparada para sair de lá e ir viver na casa de Lavan. Assim também quando voltou, por mais que ainda não havia entrado em Israel, estava preparado psicologicamente para isso. Por isso as trocas dos anjos ocorreram antes de Yaakov chegar no limite de Israel. Somos considerados pelo que estamos planejando para o futuro.
Assim também em Yom Kipur. No inicio do jejum, por mais que ainda não estamos com fome, estamos preparados para enfrentar a maratona, rezar muito e nos elevar pelas próximas 25 horas. Planejamos nos arrepender de nossos pecados. Por isso, a partir desse momento, somos considerados anjos. No final do jejum, por outro lado, já estamos cansados, pensando no que vamos comer, quando vamos montar a suká, etc. Já não estamos mais com a mentalidade de anjos. Por isso fazemos “Baruch Shem Kevod” alto na reza de Arvit do inicio do jejum e não no final.

Nossa mentalidade rege nossas ações e tomadas de decisão. Nosso psicológico é um fator muito poderoso em nossas vidas. Quando colocamos algo em nossas cabeças e nos convencemos de que é certo e verdadeiro, muito dificilmente mudaremos de opinião. Devemos então tomar cuidado com as ideias que se formam em nosso intelecto para podermos tomar decisões coerentes e estar sempre no rumo certo.

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