quinta-feira, 1 de maio de 2014

Parashat Emor - A Importância da Preparação

Na Parashá dessa semana (Emor), temos a famosa leitura da Torá que é lida fora de Israel em alguns dias de Yom Tov das festividades judaicas. Essa porção nos descreve justamente detalhes sobre as festas. Sobre a festa de Shavuot, a próxima em nosso calendário, a Torá ordena trazer um korban especial, além de todos os outros sacrifícios que são normalmente trazidos nas festividades em geral, chamado “shtei halechem” (os dois pães). O interessante sobre esse korban é o fato dele ser oferecido especificamente com chamets; devem ser trazidos para o Beit Hamikdash pães fermentados. Além dessa oferenda, apenas uma outra também possuía chamets, o korban Todá.
É notável o fato que esse korban com chamets vem exatamente em Shavuot, a festa que ocorre 50 dias depois de Pessach, quando éramos proibidos de comer e até mesmo possuir uma migalha de chamets. Que contraste! Em um Yom Tov chamets é absolutamente proibido e em outro, não só é permitido, mas até mesmo um sacrifício de chamets é mandatório. Essas duas festividades parecem se contradizer! O que mudou de uma para a outra?
A resposta é Sfirat Haomer, os 50 dias de transição entre Pessach e Shavuot; uma transição entre a matsá e o chamets. Pessach e Shavuot não são duas festividades separadas uma da outra, mas sim uma continuação, o fechamento de um processo que dura 50 dias.
Dizem nossos sábios que a pessoa deve sempre ter um pouco de chamets em sua vida. Ambição é importante para o crescimento. É preciso ter um tanto de orgulho, mas da maneira certa. A única forma de esse sentimento influenciar beneficamente a pessoa, é se existir na perspectiva correta. Por isso, antes da festa de Shavuot, temos Pessach, quando comemos matsá, o símbolo da humildade. Primeiramente temos de apelar ao extremo, ser totalmente humildes, para que possamos ter o equilíbrio certo entre o orgulho e  modéstia. Porém, Pessach não é o suficiente para aprendermos completamente a mensagem da humildade. Precisamos dos 50 dias de Sfirat Haomer para interiorizar da melhor maneira possível o ensinamento da matsá, antes de alcançarmos o recebimento da Torá. Isso que quer dizer o comentarista Ramban (Nachmanedes) quando ele escreve que Sfirat Haomer é como se fosse um Chol Hamoed entre Pessach e Shavuot. Estes não são chaguim diferentes, mas sim duas partes de um longo processo que se inicia com o primeiro, e acaba com o segundo.
Os dias de Sfirat Haomer atuam como uma ponte entre a humildade da matsá e o sentimento de orgulho expresso pelo sacrifício dos pães de Shavuot. Sem a devida preparação em Sfirat Haomer, sem nos prepararmos e trabalharmos nossos defeitos, não conseguiremos chegar no dia do recebimento da Torá em alto nível. As coisas não acontecem por acaso. Preparação é necessária em tudo o que fazemos em nosso dia-a-dia. Quando vamos a alguma reunião, a algum encontro, sempre nos preparamos antes. Quando temos uma difícil tarefa para cumprir, não adianta chegar na hora e tentar improvisar. O mesmo se aplica em Shavuot. Não é possível chegar no dia da festa sem ter se preparado e tentar sentir a espiritualidade da data.

Certa vez, perguntaram a um jogador de beisebol que fazia parte do All Star Team, a seleção dos melhores do campeonato: “o que você faz para ser tão bom?” Ele respondeu: “em todos os jogos, faço questão de chegar duas horas antes no estádio. Assim, tenho tempo para me trocar, amarrar meus tênis, me alongar, e estar pronto e preparado para atuar da melhor maneira possível”. Se um jogo de beisebol necessita tamanha preparação, imaginem então o dia do recebimento da Torá! 

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