A
Parashá dessa semana relata, basicamente em sua totalidade, o episodio do profeta
Bilam, contratado pelo rei Balak para amaldiçoar Am Israel. No inicio da
Parashá, quando Balak enviou seus emissários para convencer Bilam a aceitar esse
desafio, Bilam se consultou com Hashem, que lhe negou o pedido: “E disse Hashem
a Bilam: ‘não vá com eles! Não amaldiçoe o povo, pois este é abençoado’” (Balak
22,12). No dia seguinte, Bilam respondeu aos seus solicitantes: “Mesmo que
Balak me dê uma casa cheia de ouro e prata, eu não poderia fazer nada...pois
isso transgrediria a palavra de D’us” (Balak 22,18).
Muitos
comentaristas, incluindo Rashi em nossa Parashá, inferem dessa resposta que
Bilam realmente desejava aceitar o pedido, e estava apenas barganhando para
receber um pagamento maior. Mas como podemos ver isso da resposta de Bilam?
Quem disse que ele não estava realmente negando qualquer possibilidade de ir?
Para
entendermos a explicação de Rashi, traremos um excerto da Ética dos Pais: “E
disse Rabi Yossi ben Kisma: certa vez eu estava andando e encontrei um homem...me
disse o homem: você quer vir morar conosco em nossa cidade? Como recompensa, eu
te darei muito dinheiro e pedras preciosas! E eu respondi: mesmo que você me dê
todo o dinheiro do mundo, eu não aceitaria, pois só viverei em um lugar que
tenha Torá”.
Vemos uma clara diferença entre a
resposta de Rabi Yossi e a de Bilam, o perverso. Rabi Yossi realmente mostrou
que não havia chance de aquilo acontecer. Ele não estabeleceu um limite, um
teto. Todo o dinheiro do mundo não seria o suficiente para convence-lo, e não existe
um pagamento maior do que “todo o dinheiro do mundo”. Já Bilam, disse que não
iria com os emissários de Balak nem mesmo se recebesse uma casa cheia de ouro e
prata. Mas e se Bilam oferecesse algo mais? E se lhe desse duas casas cheias de
dinheiro? Bilam colocou um preço por seu serviço, e, apesar deste ser
incorreto, havia a possibilidade dele aceitar, caso o preço fosse coberto.
Em nossas vidas, o certo e o errado
geralmente são bem definidos. Temos a noção do que deve e do que não deve ser
feito. Mas isso não é suficiente. Diversas vezes abrimos mão da corretude em
detrimento de uma possível recompensa que nos faz pensar que o inadequado vale
a pena; que os fins justificam os meios. Devemos sempre nos lembrar de que se uma
ação é errada, não há nada nesse mundo que possa fazer valer a sua prática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário