quinta-feira, 6 de julho de 2017

Balak - Algumas coisas não têm preço


A Parashá dessa semana relata, basicamente em sua totalidade, o episodio do profeta Bilam, contratado pelo rei Balak para amaldiçoar Am Israel. No inicio da Parashá, quando Balak enviou seus emissários para convencer Bilam a aceitar esse desafio, Bilam se consultou com Hashem, que lhe negou o pedido: “E disse Hashem a Bilam: ‘não vá com eles! Não amaldiçoe o povo, pois este é abençoado’” (Balak 22,12). No dia seguinte, Bilam respondeu aos seus solicitantes: “Mesmo que Balak me dê uma casa cheia de ouro e prata, eu não poderia fazer nada...pois isso transgrediria a palavra de D’us” (Balak 22,18).
Muitos comentaristas, incluindo Rashi em nossa Parashá, inferem dessa resposta que Bilam realmente desejava aceitar o pedido, e estava apenas barganhando para receber um pagamento maior. Mas como podemos ver isso da resposta de Bilam? Quem disse que ele não estava realmente negando qualquer possibilidade de ir?
Para entendermos a explicação de Rashi, traremos um excerto da Ética dos Pais: “E disse Rabi Yossi ben Kisma: certa vez eu estava andando e encontrei um homem...me disse o homem: você quer vir morar conosco em nossa cidade? Como recompensa, eu te darei muito dinheiro e pedras preciosas! E eu respondi: mesmo que você me dê todo o dinheiro do mundo, eu não aceitaria, pois só viverei em um lugar que tenha Torá”.
            Vemos uma clara diferença entre a resposta de Rabi Yossi e a de Bilam, o perverso. Rabi Yossi realmente mostrou que não havia chance de aquilo acontecer. Ele não estabeleceu um limite, um teto. Todo o dinheiro do mundo não seria o suficiente para convence-lo, e não existe um pagamento maior do que “todo o dinheiro do mundo”. Já Bilam, disse que não iria com os emissários de Balak nem mesmo se recebesse uma casa cheia de ouro e prata. Mas e se Bilam oferecesse algo mais? E se lhe desse duas casas cheias de dinheiro? Bilam colocou um preço por seu serviço, e, apesar deste ser incorreto, havia a possibilidade dele aceitar, caso o preço fosse coberto.
            Em nossas vidas, o certo e o errado geralmente são bem definidos. Temos a noção do que deve e do que não deve ser feito. Mas isso não é suficiente. Diversas vezes abrimos mão da corretude em detrimento de uma possível recompensa que nos faz pensar que o inadequado vale a pena; que os fins justificam os meios. Devemos sempre nos lembrar de que se uma ação é errada, não há nada nesse mundo que possa fazer valer a sua prática.


Nenhum comentário:

Postar um comentário