Essa
semana reiniciamos o ciclo da Torá, com a primeira e talvez mais conhecida
Parashá, Bereshit. Como todos sabem, os primeiros capítulos da Torá narram a
criação do mundo e do homem. No primeiro dia, por exemplo, Hashem criou a luz e
a separou da escuridão. Logo depois disso, diz o passuk: “E D’us chamou a luz
de ‘dia’, e a escuridão Ele chamou de ‘noite’” (Bereshit 1,5). Sobre esse
passuk, o Midrash aprende uma bonita lição que podemos aplicar em nosso dia a
dia. Pergunta o Midrash: por que o nome de D’us é citado somente na primeira
parte do passuk, e não em seu final? Explica o Midrash que Hashem não associa o
Seu nome com coisas ruins, e a escuridão remete a algo ruim. Por isso o nome de
Hashem só foi citado em relação ao dia, mas em relação à noite o passuk escreveu
apenas na terceira pessoa; pois D’us é 100% bondade.
Realmente,
é uma mensagem bonita. Porém, após uma análise simples, esse Midrash parece não
fazer muito sentido. Quando uma frase descreve várias ações de um sujeito, o
mesmo não precisa ser mencionado em cada parte da oração. Sendo assim, o passuk
menciona que Hashem chamou a luz de “dia”, e já está implícito que foi Hashem
que nomeou a escuridão de “noite”. Citar a palavra Hashem novamente seria
redundante, e sabemos que os psukim evitam ao máximo a repetição. Sendo assim,
qual foi a pergunta do Midrash?
Explica
o Rabino Shmuel Aba (1809-1879, Polônia), em seu livro Lahav Esh, que havia uma
outra forma de se escrever o passuk. Simplesmente, a ordem poderia ser
invertida. E na verdade, isso não é uma mera possibilidade que estamos
levantando. Esta seria a forma correta a ser escrita, uma vez que nos psukim
que relatam a criação do mundo, a noite sempre é mencionada antes do dia (pelo
fato do dia no calendário judaico iniciar-se na noite anterior). Então, o
passuk deveria ter escrito: “E D’us chamou a escuridão de ‘noite’, e a luz Ele
chamou de ‘dia’”. Essa foi a pergunta do Midrash: por que o passuk não foi
escrito de uma forma coerente com o resto da criação do mundo, e,
consequentemente, por que o nome de D’us foi mencionado com a luz, e não com a
escuridão? Dessa discrepância o Midrash aprende que Hashem não associa o seu nome
a ruindades.
Muitas
vezes, podemos pegar como exemplo explicações sobre D’us e aplica-las em nossas
próprias vidas. Em qualquer lugar onde vamos, seja este judaico ou não, haverão
boas e más influencias. Sempre existirão aquelas pessoas que agregarão coisas
positivas e aquelas que são capazes de nos influenciar negativamente. Temos
sempre que nos associar aos bons indivíduos, àqueles que podem contribuir para
a melhora de nossa conduta.
Obs.: cada Parashá possui mais de um Dvar Torá. Você pode encontrá-los através dos marcadores no site, ou através da ferramenta de busca.
Obs. 2: caso deseje receber um aviso quando o Dvar Torá for postado, envie um email para blogdodvartora@gmail.com.
Obs 3: nos adicione no Facebook: Dvar Torá Semanal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário