No
inicio da Parashá dessa semana temos a Mitsvá de Shmita. Segundo este preceito,
uma vez a cada 7 anos, o povo judeu não pode plantar ou cultivar a terra de Israel.
Seguindo um ciclo de sete em sete anos, o sétimo ano da plantação é sempre designado
para o descanso da terra. Por não ser tão frequente, essa Mitsvá não é tão conhecida.
Porém, com certeza, é uma das Mitsvot mais difíceis de serem cumpridas.
Principalmente antigamente, quando o sustento e boa parte da alimentação das pessoas
vinham do cultivo da terra, ficar um ano sem trabalhar era sinonimo de desemprego.
Entendendo
essa dificuldade e o desafio proposto por essa Mitsvá, a Torá nos diz: “E se vocês
disserem no sétimo ano ‘o que iremos comer’...e Eu vou abençoar a colheita do
sexto ano, e esta será suficiente para três anos” (Behar 25, 20-21). Em outras
palavras, Hashem promete que a colheita do sexto ano seria tão boa, que duraria
até o fim do oitavo ano. É interessante notar que a primeira palavra desse
passuk, em hebraico, é “Vechi”, e pode ser traduzida de duas formas: “quando”
ou “caso”. Como entendemos essa palavra no nosso contexto?
Explica
o Netsiv (1816-1893, Rússia/Polônia) que a palavra “vechi” em nosso passuk
significa justamente “quando”. Ou seja, não é uma questão de se essa indagação relacionada
ao sustento nos anos de Shmita ocorrerá, mas sim quando ela ocorrerá. Com
certeza as pessoas terão duvidas. Apesar de Shmita ser uma Mitsva da Torá,
Hashem entende que muitas pessoas do povo judeu podem chegar a se sentir
inseguras quanto aos seus sustentos durante esse período, uma vez que não há expediente
por um ano inteiro! As pessoas não vivem a espera de milagres sobrenaturais e não
estamos acostumados a contar com eles. Se não se planta, os alimentos não crescem.
Sendo assim, ao ouvir que não poderá trabalhar a terra por um ano inteiro, a reação
mais normal de uma pessoa é perguntar: “o que comerei? Como me sustentarei?” A
Torá entende isso, e lida com essa questão, ao trazer uma promessa especial de
Hashem à esses integrantes do povo, garantindo o sustento de todos.
Muitos
poderiam pensar que a Torá foi feita apenas para pessoas de um nível muito elevado,
acostumadas com milagres, que não questionam os mandamentos divinos. Porém,
vemos na Parashá dessa semana que não é bem assim. A própria Torá traz um questionamento
que seria de pessoas comuns do povo em relação a uma de suas leis. Pois essa é a
maneira através da qual devemos viver e incorporar o judaísmo: aplicando-o em
nosso dia-a-dia comum, sem esperar nenhum milagre sobrenatural. A Torá nos
garante que esse método não só é possível, como também é a garantia do sucesso
futuro.
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