quinta-feira, 26 de maio de 2016

Behar - Torá Para Todos os Gostos

                                 

No inicio da Parashá dessa semana temos a Mitsvá de Shmita. Segundo este preceito, uma vez a cada 7 anos, o povo judeu não pode plantar ou cultivar a terra de Israel. Seguindo um ciclo de sete em sete anos, o sétimo ano da plantação é sempre designado para o descanso da terra. Por não ser tão frequente, essa Mitsvá não é tão conhecida. Porém, com certeza, é uma das Mitsvot mais difíceis de serem cumpridas. Principalmente antigamente, quando o sustento e boa parte da alimentação das pessoas vinham do cultivo da terra, ficar um ano sem trabalhar era sinonimo de desemprego.
Entendendo essa dificuldade e o desafio proposto por essa Mitsvá, a Torá nos diz: “E se vocês disserem no sétimo ano ‘o que iremos comer’...e Eu vou abençoar a colheita do sexto ano, e esta será suficiente para três anos” (Behar 25, 20-21). Em outras palavras, Hashem promete que a colheita do sexto ano seria tão boa, que duraria até o fim do oitavo ano. É interessante notar que a primeira palavra desse passuk, em hebraico, é “Vechi”, e pode ser traduzida de duas formas: “quando” ou “caso”. Como entendemos essa palavra no nosso contexto?
Explica o Netsiv (1816-1893, Rússia/Polônia) que a palavra “vechi” em nosso passuk significa justamente “quando”. Ou seja, não é uma questão de se essa indagação relacionada ao sustento nos anos de Shmita ocorrerá, mas sim quando ela ocorrerá. Com certeza as pessoas terão duvidas. Apesar de Shmita ser uma Mitsva da Torá, Hashem entende que muitas pessoas do povo judeu podem chegar a se sentir inseguras quanto aos seus sustentos durante esse período, uma vez que não há expediente por um ano inteiro! As pessoas não vivem a espera de milagres sobrenaturais e não estamos acostumados a contar com eles. Se não se planta, os alimentos não crescem. Sendo assim, ao ouvir que não poderá trabalhar a terra por um ano inteiro, a reação mais normal de uma pessoa é perguntar: “o que comerei? Como me sustentarei?” A Torá entende isso, e lida com essa questão, ao trazer uma promessa especial de Hashem à esses integrantes do povo, garantindo o sustento de todos.

Muitos poderiam pensar que a Torá foi feita apenas para pessoas de um nível muito elevado, acostumadas com milagres, que não questionam os mandamentos divinos. Porém, vemos na Parashá dessa semana que não é bem assim. A própria Torá traz um questionamento que seria de pessoas comuns do povo em relação a uma de suas leis. Pois essa é a maneira através da qual devemos viver e incorporar o judaísmo: aplicando-o em nosso dia-a-dia comum, sem esperar nenhum milagre sobrenatural. A Torá nos garante que esse método não só é possível, como também é a garantia do sucesso futuro.

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