quinta-feira, 17 de março de 2016

Vaikrá - Uma Mensagem da Parashá e do Povo Brasileiro

               

Atualmente, o Brasil passa por uma das maiores crises politicas de sua história, com seus lideres cada vez mais cercados e ameaçados por seus próprios atos. Parece que o governo está de brincadeira. A oposição começou a agir. O povo já não aguenta mais, e, alem dos milhões que saíram às ruas no domingo passado, milhares ainda continuam expressando suas indignações com a presidenta de nosso país e seu partido. Como os acontecimentos da semana tem a ver com a porção semanal, devemos procurar em nossa Parashá alguma mensagem que se relacione à atual situação de nosso país.
A Parashá dessa semana é a primeira do 3o livro da Torá. Seu nome é originado exatamente de sua primeira palavra: Vaikrá. Além disso, Vaikrá também é o nome do próprio livro. Sendo assim, esta palavra deve ser importante, e provavelmente nos transmite uma importante mensagem.
Na Torá, encontramos três vezes a palavra Vaikrá para expressar a interação de Hashem com Moshe. Primeiramente, em Parashat Shemot, quando Moshe foi verificar a sarça ardente que não se consumia, Hashem viu que ele se interessou pelo fato estranho, e o chamou. Depois, no momento da outorga da Torá no Har Sinai, Moshe subiu no monte, estava preparado para entregar as tábuas da lei para o povo, e Hashem o chamou para lhe dizer o que falar ao povo. E, por ultimo, em nossa Parashá, Hashem chamou Moshe para lhe ensinar as leis dos Korbanot. Nesses três casos a Torá usa a palavra Vaikrá. Porém, há uma diferença fundamental entre o nosso passuk e os outros dois. Enquanto nas duas primeiras situações a palavra Vaikrá está escrita com todas as letras em tamanho normal, na nossa Parashá a letra Alef (última letra da palavra) está em um tamanho menor que as outras. O que há de diferente em nosso caso que exige essa formatação distinta?
Palavra Vaikrá com o Alef pequeno
A resposta se encontra no contexto no qual a palavra é mencionada, por qual motivo Hashem chamou moshe em cada um dos casos. Explica o Netivot Shalom (1911-2000, Belarussia) que cada uma dessas três situações representa uma fase diferente da vida de Moshe. No primeiro momento, Moshe ainda nem era um líder de Am Israel. Era um mero pastor, que foi investigar um acontecimento exótico. Hashem o chamou ao ver nele um espirito de iniciativa, curiosidade, atividade. No segundo episodio, no Har Sinai, Moshe estava no ápice de sua liderança, após tirar o povo do Egito e na iminência da entrega da Torá. Hashem viu que ele estava agitado, havia subido todo o monte, se preparado para o grande momento, e assim o convocou para iniciar o processo.
Na nossa Parashá, porém, algo estranho estava acontecendo. É verdade que o primeiro passuk do livro já começa com Hashem convocando Moshe. Porém, a história não se inicia aí. Se analisarmos os últimos psukim da ultima Parashá do livro Sehmot, que vêm logo antes de nossa Parashá, veremos que Moshe estava intimidado. O Mishkan tinha acabado de ficar pronto, e, logo após, várias nuvens o circundaram. Moshe estava com medo de se aproximar, ele não sabia, depois que a moradia de Hashem havia sido construída, qual seria a sua posição, como deveria agir. Então Hashem o chamou. Essa chamada veio para mostrar que Moshe não deveria ter medo. Como um líder, ele não podia parar. A finalização do Mishkan e as nuvens divinas não deveriam apequenar o grande Moshe.
Por isso, “Vaikrá Hashem”, com um alef pequeno. O tamanho da letra representa a figura de Moshe naquele momento, e transmite a seguinte mensagem: Moshe, não se acue. Não tenha medo. Não pare. Não fique passivo. É preciso agir, ir para frente. Sempre há algo a ser feito, e em situação nenhuma você deve retroceder.
Essa mensagem pode ser perfeitamente exemplificada pela reação do povo brasileiro. Ao ver um governo corrupto, desonesto e bagunçado tomar medidas absurdas e ilegais, contra a vontade da grande maioria do país, as pessoas não se intimidaram. Agiram. Espontaneamente, no dia do anuncio que Lula viraria ministro, milhares foram às ruas. No dia seguinte, o de sua “posse”, o número foi ainda maior. Alguns até viajaram à Brasília para pressionar a oposição.

É assim que devemos agir sempre que nossas vidas nos propuserem desafios. Tomar a dianteira e fazer tudo o que estiver em nosso alcance. Queremos ser chamados por um Vaikrá com letras maiúsculas. Pois como dizia o filosofo Ingles Edmond Burke, “para o triunfo do mal, só é preciso que os bons homens não façam nada”.

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