quinta-feira, 24 de março de 2016

Tsav - Uma mensagem da Torá para as autoridades belgas (e para todos nós)


Essa semana, tivemos a triste noticia do atentado terrorista na Bélgica, quando duas bombas explodiram, uma no aeroporto e uma em uma estação de metro, matando mais de 30 pessoas, e ferindo centenas. Uma das reações mais comuns do povo e da mídia após uma tragedia dessas é procurar por culpados. Os ministros do interior e da justiça ofereceram suas renuncias, por se considerarem responsáveis pelo ocorrido. Renuncias estas negadas pelo primeiro ministro. Nos últimos dias, a mídia começou com suas revelações que demonstram ter havido uma grande negligencia por parte da segurança Belga. Por exemplo, descobriram que um dos terroristas havia sido preso há nove meses devido às suas atividades extremistas, porém foi libertado não muito depois por falta de provas. No momento, os olhares estão em sua maioria voltados para o passado. Mas o principal ainda falta ser feito, que é pensar no presente e tomar decisões para o futuro.
A Parashá desta semana continua nos relatando os diferentes korbanot que eram oferecidos no Mishkan. Além disso, no inicio da Parashá, um trabalho um tanto interessante é ordenado aos Kohanim: todos os dias de manhã, um Kohen deveria retirar as cinzas do Mizbeach, que haviam sobrado da queima do sacrifício do dia anterior, e tinha que leva-las para fora do Mishkan, para depois darem inicio aos serviços do próprio dia.
A palavra usada pelo passuk para ordenar esta mitsvá da retirada das cinzas foi “tsav”. Hashem disse à Moshe: “ordene à Aharon”. Explica Rashi no local que a palavra “ordenar” remete à uma ordem não apenas para aquele momento, mas que deve ser passada para as próximas gerações. Ou seja, as cinzas do Mizbeach devem sempre ser retiradas do jeito descrito pelo passuk. Porém, podemos também entender que não apenas a mitsvá em si deveria ser transmitida para as próximas gerações, como também a mensagem que nela está intrínseca, a qual todos nós devemos aplicar em nosso dia-a-dia.
Diz o passuk sobre o processo de remoção das cinzas: “(e o Kohen) vai levantar as cinzas...e vai retirar as cinzas do acampamento”. Essas cinzas, como dissemos, se referem ao que sobrou do Korban do dia anterior. Explica Rav Hirsh (1808-1888, Morávia) que o ato de levantar as cinzas e o ato de as retirar do acampamento nos transmitem uma profunda mensagem. O passuk diz especificamente para o Kohen levantar as cinzas do dia anterior, para nos ensinar que devemos sempre olhar para o passado, analisar o que foi que fizemos ontem, quais foram os sucessos que obtivemos, quais foram as falhas. Temos de nos basear no passado recente para determinarmos quais serão as atitudes certas a serem tomadas.
Porém, no final do processo, o Kohen retirava as cinzas do acampamento. Isso nos ensina que não podemos apenas ficar no passado, nos contentar com o que já fizemos. O que já foi feito, sendo bom ou ruim, não pode mais ser alterado. Não é suficiente se prender nisso e parar no tempo. O passado é sim importante, porém, é preciso usa-lo sabiamente para decidir como agir corretamente no presente, e assim obter sucesso no futuro.

Erros graves realmente ocorreram na Bélgica. Culpados estão sendo apontados. Porém, não adianta ficar só nisso. As autoridades Belgas devem aprender com as falhas, e agir urgentemente para corrigi-las. O passado não pode mais ser apagado. Mas pode muito bem ser transformado num poderoso alicerce para um futuro bem-sucedido.

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