quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Ki Tavo - Bikurim E O Sucesso da Terra de Israel

Bikurim. Assim começa nossa Parashá, relatando a Mitsva de trazer as primeiras frutas que nasciam de cada uma das sete espécies de Israel, para o Beit Hamikdash. O Sefer Hachinuch, um livro que comenta sobre as Mitsvot da Torá, explica que o objetivo da Mitsva de bikurim é a pessoa se conscientizar que apesar dela ter trabalhado bastante em sua terra, se esforçado para que as frutas nascessem em suas árvores, há de ser grato a Hashem por isso ter acontecido, pois tudo vem Dele.
Essa é a explicação famosa: doe uma parte pro Beit Hamikdash, pra reconhecer que você não é o único responsável pelo sucesso que obtém de seu trabalho. Porém, há uma outra explicação para essa Mitsva. A Mishna no tratado de bikurim (que fala exatamente sobre o nosso assunto) pergunta: “como separamos os bikurim?” Como isso era feito?” Responde a Mishna: “uma pessoa que vai ao seu campo e vê um figo que está maduro, uma tâmara que está madura ou uma romã que está madura, amarra um fio vermelho nessas frutas e diz que esses serão os bikurim”. Como falamos acima, os bikurim eram trazidos de sete espécies diferentes de frutas, com a fartura das quais a terra de Israel foi abençoada. Por que então a Mishna só traz 3 exemplos? E por que especificamente essas três frutas: figo, romã e tâmara?
Para responder essa pergunta, vamos voltar alguns anos na história. No deserto, quando os espiões voltaram da terra de Israel e o povo todo esperava ouvir informações empolgantes e boas sobre o local, este foi impressionado pelo pessimismo que compunha o discurso de seus enviados. Eles falaram muito mal da terra. E para provar a sua teoria trouxeram 3 frutas para mostrar ao povo que seus tamanhos eram muito grandes, fazendo uma alusão ao fato de haver gigantes morando em Israel, o que tornaria a conquista muito difícil, na visão deles. Quais frutas eles trouxeram? Exatamente essas descritas na Mishna: figo, romã e tâmara!
Na verdade, a logica é contrária. A Mishna é que fez questão de escrever especificamente as frutas que os espiões haviam trazido, para exemplificar como se separava os bikurim, apesar de haver outras 4 espécies no pacote. Nossos sábios querem nos ensinar uma profunda lição que podemos aprender da Mitsva de bikurim. Deve-se de agir de uma maneira diametralmente oposta à forma como agiram os espiões. Pegava-se essas mesmas frutas que eles trouxeram, e ao invés de falar mal da terra de Israel, fazia-se o contrário. O texto que era dito no Beit Hamikdash quando se trazia os bikurim inclui muitas menções à Erets Israel, falando como a terra é boal; a terra de leite e mel; a terra prometida. Temos então outra razão pela qual se trazia bikurim. Para reconhecer as coisas boas da terra de Israel, os milagres de Hashem, que fazem crescer deliciosas frutas em um local árido, com um sério problema de falta de água.

Essa mensagem nos foi passada há vários séculos. Mas ela nunca foi tão atual quando hoje em dia. Israel está cercado por seus piores inimigos, possui secas seríssimas, em sua área não há petróleo (ao contrario de grande parte do Oriente Médio), e mesmo assim, conseguiu se desenvolver, se democratizar, se tornar o país com o maior numero de empresas na bolsa americana de tecnologia (NASDAQ), entre muitas outras conquistas. Tudo isso em menos de 70 anos. O que na antiguidade era representado pelas frutas, hoje em dia pode ser medido pelo IDH, pelo desenvolvimento socioeconômico e pelas grandes invenções tecnológicas que diariamente ali se originam. Atualmente não se amarra mais um fio vermelho, afinal infelizmente não temos o Beit Hamikdash. Porém, o mesmo reconhecimento, assim como o sentimento de gratidão Àquele que nos proporciona tudo isso devem estar presentes nas maiores proporções possíveis. Não é à toa que Israel é conhecido como “Start Up Nation”. Acima desse nanico país, existe alguém mantendo os olhos constantemente abertos, vigiando e cuidando para que tudo ocorra da melhor maneira possível.

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