quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Nitsavim - Yes, We Can!

Estamos nos aproximando de Rosh Hashana, também conhecido como dia do julgamento. Não à toa, a Parashá dessa semana, Nitsavim, é muito frequentemente lida na áurea desta grande festa. Há nessa Parashá um passuk que se refere à Mitsva de Tshuva, arrependimento, uma das coisas mais importantes que devemos fazer nesses dias que antecedem Rosh Hashana e Yom Kipur. Diz o passuk: “Essa Mitsva que Eu estou ordenando pra vocês hoje não é difícil, não está longe, não está nos céus e nem na outra margem do mar. Essa coisa está muito perto de você, em sua boca e em seu coração para ser cumprida”. O Ramban explica que essa Mitsva à qual o passuk está se referindo é a Mitsva de Tshuva, uma vez que muito próximo desse passuk está a frase: “e você voltará para Hashem, o seu Dús, e escutará a Sua voz”.
O interessante é que justamente a Mitsva de Tshuva, entre todas as Mitsvot citadas na Torá, é considerada fácil de ser cumprida, estando “muito perto de nós”. Porém, lemos estes psukim todos os anos com um pouco de desconfiança. Seria esta Mitsva algo tão simples como descreve o passuk? Não é o que parece! Se fosse assim, por que é tão difícil fazermos um arrependimento completo de nossos atos errados e melhorar nossa conduta? Se Tshuva é algo tão fácil de ser feito, por que muitas vezes sentimos quando Rosh Hashana se aproxima, que nos encontramos na mesma estaca onde estávamos ano passado?
R Chaim Shimulevits (1902-1979, Polonia, Shangai e Jerusalem), foi um rabino muito famoso por escrever livros que aprendem dos psukim da Torá lições para melhorarmos o nosso comportamento. Ele explica que o verdadeiro inimigo da Tshuva, que nos impede de mudar é algo chamado hábito. Ele possui uma forca muito grande. É difícil para uma pessoa modificar a sua forma de viver. Alguém que está sempre acostumado a seguir certo caminho, não se sente confortável em alterar a sua rota. Mesmo aqueles que compreendem intelectualmente a importância da Tshuva, encontram muitas dificuldades em colocar isso na prática.
Então se é tão difícil assim, por que a Tora diz ser tão fácil? A resposta é que não entendemos direito o que o passuk quis dizer. A mensagem que a Torá quer nos passar não é que fazer Tshuva é fácil. E sim que para ela ser efetiva, é preciso começar com algo fácil. A Torá está nos dando uma dica para termos sucesso na tentativa de fazer Tshuva: comece com algo fácil, com o qual você se sente confortável. Todos têm Mitsvot que gostam de cumprir. Alguns gostam muito de estudar Torá, outros de rezar, outros são exímios benfeitores. Diz o passuk: escolha uma mitsva que você gosta e acrescente alguma coisa nela, sacrifique um pouco para ela. Aumente, melhore. Faça algo significativo que seja fácil para você. Isso te ajudará a criar uma mentalidade aberta e propícia a mudar, e será muito mais fácil melhorar nos mais diversos aspectos. Esse é um jeito de entender o passuk.

Porém, pode ser que a Torá está querendo nos transmitir uma outra ideia também. Apesar do processo de Tshuva ser um pouco complicado, a essência da Tshuva é algo bem simples, que depende apenas de nossa perspectiva. Geralmente imaginamos a Tshuva como uma escalada de uma alta montanha, onde a linha de chegada se encontra bem longe, e não nos consideramos aptos para isso. Quantos de nós realmente acreditamos na possibilidade de mudarmos algo em nossa conduta? Quanto mais podemos fazer em nosso dia a dia já repleto de Mitsvot?! Porém, se realmente formos honestos com a nossa pessoa, entenderemos que facilmente podemos fazer melhor. Se concentrar mais na reza, se relacionar melhor com os outros, ajudar mais os necessitados, enfim, exemplos não faltam onde cada um tem a possibilidade de fazer algo melhor. A única coisa que nos separa de uma vida mais plena é o reconhecimento e a conscientização de que podemos melhorar. Esse é o primeiro passo para a Tshuva: seja honesto com você mesmo. E isso só demora um segundo.

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