Em época de Copa do Mundo e próximos de uma Olimpíada, ambos sendo
organizados no Brasil, muito se fala em “legado”. Para quem não sabe, legado
significa “parte da herança deixada”, segundo o dicionário Michaelis. Ao falar
em legado, o povo brasileiro busca entender quais foram os benefícios deixados
ao país, e, automaticamente, às pessoas, por esses eventos esportivos de ampla
magnitude.
“Legado” também é assunto da Parashá dessa semana. Está escrito em
nossa Parashá que Moshe dividiu cidades de refúgio no deserto, nas terras que
seriam habitadas pelas tribos de Reuven, Gad e metade de Menashe, que se
situavam fora da terra de Israel. Essa cidades, como se sabe, serviam como
um refúgio para quem matou uma pessoa
inintencionalmente. Logo após a Torá nos contar
isso, está escrito um famoso passuk, que dizemos todas as vezes que fazemos o
famoso levantamento do Sefer Torá: “E Esta é a Torá que Moshe colocou
perante Am Israel.” O que quer dizer esse passuk, e por que ele foi mencionado
justamente aqui, quando está se falando sobre as cidades de refugio que Moshe
dividiu?
Torá vem da
palavra Horaá, ensinamento. Este passuk vem nos dizer que temos aqui um enorme
ensinamento que Moshe passou para o povo. Um importantíssimo legado dentre os
muitos que ele deixou na iminência de sua morte.
Explica o Kli Yakar que as cidades de refúgio só começariam a
“funcionar” quando outras cidades fossem escolhidas na terra de Israel, após a
conquista da terra santa. Até isso acontecer, as cidades que Moshe dividiu no
deserto eram inoperantes. Então por que ele fez isso? Por que não deixar para
alguém dividi-las no momento certo? Seria mais logico escolher todas as cidades
de uma vez! Rashi explica
que Moshe teve o seguinte pensamento: “Uma Mitsva que eu
posso cumprir, mesmo que seja apenas uma parte, cumprirei”. Moshe sabia que não
seria efetiva essa escolha, e que as cidades ficariam pendentes até que as
outras fossem escolhidas em Israel. E ele sabia que outra pessoa continuaria o
seu trabalho. Apesar disso, com muita vontade ele executou parte dessa Mitsvá.
“Essa foi a Torá que Moshe
colocou perante Am Israel”. Este foi o legado. No nosso dia a dia, estamos
rodeados de oportunidades de cumprir Mitsvot e praticar bons atos. Entretanto,
muitas vezes desistimos, antes mesmo de começar, por acharmos que não
conseguiremos completá-los. É nessa hora que devemos seguir o exemplo de Moshe.
Se nos surge uma oportunidade, aceitamos, começamos e tentamos fazer o máximo
possível. Se não conseguirmos completar a Mitsvá, isso é outra história. Como
dizia o filosofo Chinês Lao Tsé, “uma longa viagem começa com um único passo”.
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