sexta-feira, 25 de julho de 2014

Maasei - Veja, Reflita e Melhore

Muitas vezes, quando queremos passar alguma mensagem para alguém e não queremos parecer grossos ou mal educados, usamos as famosas “indiretas”. Apesar de às vezes não sermos corretamente interpretados, quando o ouvinte capta o que quisemos dizer, a indireta acaba sendo uma técnica sensacional de dar uma advertência ou fazer uma critica, sem deixar a pessoa constrangida. Isso acontece com nós, seres humanos. Porém, com Hashem, a coisa é (bem) diferente.
Na Parashá dessa semana, temos o famoso assunto das cidades de refúgio que foram estabelecidas na terra de Israel, quando o povo a conquistou. Quem matava alguém sem querer, devia ir imediatamente para uma dessas cidades, e ficava lá até que o Kohen Gadol de sua época falecesse. Caso o culpado não ficasse na cidade de refúgio, os parentes próximos do morto poderiam se vingar e mata-lo. Por que justo com a morte do Kohen Gadol, as pessoas eram liberadas das cidades de refúgio?
Eu vi duas explicações muito interessantes para essa pergunta. A primeira é que como estamos tratando de alguém que não matou propositalmente, é difícil saber quais as verdadeiras intenções de cada um. Pode ser que Reuven acabou matando Shimon sem nenhuma culpa, sem ter nenhuma intenção de fazer mal à ele. Uma fatalidade. Por outro lado, poderia existir alguém que já possui algumas rusgas com certa pessoa, e, mesmo que não quis mata-lo, não ficou triste com sua morte. Ambos os casos são considerados inintencionais, portanto os dois precisam ir para a cidade de refugio. Porém, como poderiam calcular o tempo que cada um ficaria lá? Depende das intenções! Não dá para o juiz decidir isso, pois o que se passa na cabeça de cada um, apenas Hashem sabe. Então, a data na qual todos eram liberados era a mesma, o dia da morte do Kohen Gadol, e Hashem faria cada acidente ocorrer em seu devido tempo, para as pessoas ficarem o período correto na cidade de refúgio.
O Abrabanel, um grande intelectual nascido em Portugal na época da inquisição (sim, aquele mesmo que dizem ser antepassado do Silvio Santos) dá outra explicação. A morte do Kohen Gadol era um acontecimento muito forte, que mexia com o povo inteiro. Cada um e um se abalava, se emocionava e se entristecia quando um dos principais lideres do povo, aquele que expiava os pecados de todos, morria. Então, o povo inteiro aproveitava esse momento de luto para rever os seus atos e fazer tshuvá sobre os pecados que cometeram. Também era esperado que os parentes das pessoas que morreram refletissem, revissem seus atos, e controlassem suas vontades de matar aquele que derramou o sangue de seus entes queridos. Por que não era hora de briga, e sim de união.
Hashem não nos manda indiretas. Hashem nos avisa clara e diretamente que precisamos melhorar. Quando vem à tona acontecimentos fortes e pesados no mundo, não é à toa. É para nos despertar, para revermos e melhorarmos os nossos atos. Tantos aviões caindo, tanta gente morrendo, e, principalmente, a severa guerra que Israel está enfrentando, devem servir como um gatilho para nossa elevação. Boas decisões devem ser pensadas, para que assim, possamos ter méritos de sermos brindados apenas com ótimas notícias.

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