sexta-feira, 16 de maio de 2014

Parashat Bechukotai - Lidando com Adversidades


A Parashá dessa semana começa nos trazendo uma vasta gama de Brachot que Hashem promete dar ao povo, se este seguir o caminho correto da Torá e das Mitsvot. Uma dessas Brachot é o fato de Hashem extinguir os animais ferozes e perigosos das terras onde mora o povo judeu. Há muitos anos, quando as pessoas moravam em vilarejos, perto de florestas, era um problema muito sério a presença de animais ferozes, que colocava em perigo a vida de homens, mulheres, e, principalmente, crianças. Por isso Hashem promete abolir esse perigo das vidas de Am Israel, se estes merecerem.
            Sobre esta benção, há uma discussão entre dois sábios da Guemará.  Rabi Yehuda diz que o passuk da Torá deve ser interpretado em sua forma literal, ou seja, os animais ferozes serão completamente extintos das cidades; vão desaparecer.  Rabi Shimon, por outro lado, discorda e diz que e extinção dos animais não significa especificamente o desaparecimento deles. A benção de Hashem, segundo Rabi Shimon, é que os animais perigosos vão continuar a estar presentes perto das moradias do povo judeu, porém suas naturezas irão mudar: milagrosamente eles se tornarão mansos.
            Há na Guemará uma outra discussão (bem famosa) entre estes mesmos dois rabinos, que pode ser comparada com a que trouxemos acima. No tratado de Psachim, estes dois sábios analisam o passuk que diz que “o chamets deve ser destruído da casa de cada um” durante pessach. O que quer dizer destruído? Para Rabi Yehuda, destruir significa queimar: o chamets deve ser completamente incinerado (como fazemos hoje em dia). Para Rabi Shimon, o chamets não precisa ser necessariamente queimado, podendo este ser esfarelado ao vento, ou jogado no mar.
            Podemos traçar um paralelo entre a discussão sobre a extinção dos animais ferozes e a do chamets. Para Rabi Yehuda, extinguir ou destruir são interpretados em suas formas literais, ou seja, o objeto não pode mais estar por perto. O animal perigoso deixará de existir completamente, assim como o chamets, que deve virar cinzas. Para Rabi Shimon, a destruição não precisa ser necessariamente física e completa. O objeto pode continuar a existir, desde que tenha sua característica e sua natureza alterados. Sendo assim, no caso dos animais, eles continuarão a viver por perto, porém virarão mansos. O chamets também, pode ser jogado no vento, uma vez que perderá o seu “status” de pão.

            Aprendemos disso uma lição muito importante. Quando temos algum problema em nossas vidas, algum obstáculo que nos impõe dificuldades, há duas maneiras para tentarmos resolvê-lo. Geralmente, sempre procuramos usar o método de Rabi Yehuda, tentando extinguir completamente o que nos está atrapalhando. Esse método pode ser muito efetivo, porém muitas vezes acaba sendo muito difícil de ser executado. Certa vez, conheci uma pessoa com quem não fui muito com a cara. Não gostei de seu estilo nem de seu senso de humor. À principio, tentei ignorá-lo, fingir que ele não estava por perto: coloquei em pratica o método “Rabi Yehuda” de resolver as coisas. Contudo, vi que não deu certo. Sempre que ele estava por perto, sua presença e seu diálogo já eram motivo para mim ficar irritado. Foi aí que tentei aplicar o método de Rabi Shimon. Percebi que a melhor forma para mim lidar com  a questão, seria tentando mudar a forma como via essa pessoa. Passei a conversar mais com ela e procurar encontrar seu lado positivo. Deu muito certo. Hoje em dia, somos amigos, inclusive ele sendo responsável por me ajudar em inúmeros projetos e trabalhos na faculdade. Problemas, sempre vão existir. A questão é saber como lidar com eles. Optar ao extremismo nem sempre é a melhor escolha.

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