A Parashá dessa semana começa nos trazendo uma vasta gama de Brachot
que Hashem promete dar ao povo, se este seguir o caminho correto da Torá e das Mitsvot. Uma dessas Brachot é o fato de
Hashem extinguir os animais ferozes e perigosos das terras onde mora o povo
judeu. Há muitos anos, quando as pessoas moravam em vilarejos, perto de
florestas, era um problema muito sério a presença de animais ferozes, que
colocava em perigo a vida de homens, mulheres, e, principalmente, crianças. Por
isso Hashem promete abolir esse perigo das vidas de Am Israel, se estes
merecerem.
Sobre esta benção, há uma discussão
entre dois sábios da Guemará. Rabi Yehuda diz que o passuk da Torá deve ser interpretado em sua forma literal, ou
seja, os animais ferozes serão completamente extintos das cidades; vão
desaparecer. Rabi Shimon, por outro
lado, discorda e diz que e extinção dos animais não significa especificamente o
desaparecimento deles. A benção de Hashem, segundo Rabi
Shimon, é que os animais perigosos vão continuar a estar presentes perto das
moradias do povo judeu, porém suas naturezas irão mudar: milagrosamente eles se
tornarão mansos.
Há na Guemará uma outra discussão
(bem famosa) entre estes mesmos dois rabinos, que pode ser comparada com a que
trouxemos acima. No tratado de Psachim, estes dois sábios analisam o passuk que
diz que “o chamets deve ser destruído da casa de cada um” durante pessach. O
que quer dizer destruído? Para Rabi Yehuda, destruir significa queimar: o
chamets deve ser completamente incinerado (como fazemos hoje em dia). Para Rabi
Shimon, o chamets não precisa ser necessariamente queimado, podendo este ser
esfarelado ao vento, ou jogado no mar.
Podemos traçar um paralelo entre a
discussão sobre a extinção dos animais ferozes e a do chamets. Para Rabi
Yehuda, extinguir ou destruir são interpretados em suas formas literais, ou
seja, o objeto não pode mais estar por perto. O animal perigoso deixará de
existir completamente, assim como o chamets, que deve virar cinzas. Para Rabi
Shimon, a destruição não precisa ser necessariamente física e completa. O objeto pode continuar a
existir, desde que tenha sua característica e sua natureza alterados. Sendo assim,
no caso dos animais, eles continuarão a viver por perto, porém virarão mansos.
O chamets também, pode ser jogado no vento, uma vez que perderá o seu “status”
de pão.
Aprendemos disso uma lição muito
importante. Quando temos algum problema em nossas vidas, algum obstáculo que
nos impõe dificuldades, há duas maneiras para tentarmos resolvê-lo. Geralmente,
sempre procuramos usar o método de Rabi Yehuda, tentando extinguir
completamente o que nos está atrapalhando. Esse método pode ser muito efetivo,
porém muitas vezes acaba sendo muito difícil de ser executado. Certa vez, conheci
uma pessoa com quem não fui muito com a cara. Não gostei de seu estilo nem de seu
senso de humor. À principio, tentei ignorá-lo, fingir que ele não estava por perto:
coloquei em pratica o método “Rabi Yehuda” de resolver as coisas. Contudo, vi
que não deu certo. Sempre que ele estava por perto, sua presença e seu diálogo
já eram motivo para mim ficar irritado. Foi aí que tentei aplicar o método de
Rabi Shimon. Percebi que a melhor forma para mim lidar com a questão, seria tentando mudar a forma como
via essa pessoa. Passei a conversar mais com ela e procurar encontrar seu lado
positivo. Deu muito certo. Hoje em dia, somos amigos, inclusive ele sendo responsável
por me ajudar em inúmeros projetos e trabalhos na faculdade. Problemas,
sempre vão existir. A questão é saber como lidar com eles. Optar ao extremismo
nem sempre é a melhor escolha.
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