quinta-feira, 3 de abril de 2014

Dvar Torá - Metsorá

Resetando

Além de trazer dois pássaros para o Beit Hamikdash, como falamos semana passada, uma pessoa que foi infectada com tsará (lepra) precisava praticar mais alguns rituais para poder ser purificada. Ela necessitava trazer alguns korbanot, ir no Mikve, além de cortar todos os pelos de seu corpo. Por qual motivo a pessoa tinha que cortar todos os seus pelos para poder ser considerada purificada da tsará?
Pelo significa maturidade, amadurecimento. Na Parashá de Toldot consta que quando Essav, filho de Itschak, nasceu, ele já possuía muitos pelos, e Rashi lá explica que Essav parecia um homem adulto. Todos conhecemos a famosa expressão “péle de bebe”, usada quando a pele está realmente lisa. Bebes  quase não possuem pelos. Uma pessoa que pecou e foi punida com tsará, precisa demonstrar que quer começar uma vida nova. Um reset. Aquilo de errado que ela fez, deve ficar no passado. A partir de agora, seu relacionamento com as outras pessoas será diferente, mais amigável e pacifico. Sem lashon Hará. Aludindo à essa ideia, a pessoa cortava seus pelos, ficando parecida com um bebe; um renascimento.
Essa ideia de um novo começo não se aplica somente àquele que estava com tsará. O povo de Israel em geral possui essa força dentro de seu DNA. Semana passada, lemos na Torá Parashat Hachodesh, quando Hashem ordenou a primeira Mitsvá para Moshe e Aharon passarem ao povo. Essa Mitsvá é a de Kidush Hachodesh, santificar o novo mês. Por que justamente a santificação do novo mês foi designada como a primeira Mitsvá para nosso povo? Há muitas explicações para essa pergunta. Porém, pode ser que Hashem quis nos mostrar justamente a importância da renovação.
O povo judeu segue um calendário lunar. Quando a lua nasce no inicio do mês, não a conseguimos ver. Ela vai crescendo até o 15o dia do mês, quando fica cheia, e depois volta a ir diminuindo de tamanho. Esse ciclo lunar nos mostra que a vida dá voltas. Existem altos e baixos. O próprio povo de Israel, na época do Beit Hamikdash, era um povo imponente e temido, tinha poder. Estávamos em cima. Atualmente, nos encontramos na galut, uma época onde estamos em baixa. Porém, devemos nos consolar com a lua, entender que daqui a pouco estaremos em cima novamente, com a gueulá que, como sempre dizia o Rebe de Lubavitch, está muito próxima.
Esse mesmo conceito se aplica nas vidas de cada um de nós. Existem dias que estamos pra baixo. As coisas não estão dando certo, não sentimos aquela empolgação, aquela alegria. Temos de ter em mente a lição da lua, do calendário judaico, e do metsorá.  Nossas vidas são uma roda gigante, podemos estar embaixo, mas logo subiremos novamente. Sempre podemos recomeçar, não há nada que nos impeça.  Amanhã é um novo dia. Uma nova chance. Uma renovação.

Que possamos contar com a gueulá já nesse mês de Nissan, o mês da redenção!

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