quinta-feira, 15 de junho de 2017

Shlach - O pecado dos espiões

A Parashá dessa semana é marcada pelo trágico episódio dos Meraglim (espiões), que foram enviados por Moshe para visitar a terra de Israel e acabaram falando mal do local, sendo severamente punidos. Não apenas os espiões receberam um terrível castigo, uma morte trágica, como também todos os integrantes daquela geração não puderam entrar na terra de Israel.
A principal pergunta que existe sobre este relato é: qual foi o real pecado dos espiões? Analisemos três respostas bem diferentes e interessantes.
Rashi em nossa Parashá explica que o erro se encontrava no principio da coisa, e, inclusive, Moshe teve sua parcela de culpa. Uma vez garantido por Hashem que a terra era boa, o povo não deveria questionar nada, e estes espiões não deveriam ter sido enviados. Todo este episodio representa uma falta de Emuná, confiança em D’us.
O Ramban, porém, questiona essa explicação. Existe um conceito no judaísmo que diz que não nos apoiamos em milagres, não contamos com eles e, portanto, devemos sempre fazer todo o possível para obtermos sucesso em qualquer situação. Sendo assim, o envio dos espiões nada mais foi do que uma estratégia para Am Israel garantir a melhor forma de conquistar a terra de Israel. Como disse Moshe ao envia-los: “E vocês verão como é a terra, como são as pessoas que lá habitam, são fortes ou fracos? São muitos ou poucos?” (Shlach 13,18).
Devido à essa pergunta, explica o Rebe de Lubavitch que o problema dos espiões foi que estes se acostumaram com a vida do deserto, onde tinham tudo “de mão beijada”, e possuíam altos cargos. Em Israel, a coisa seria diferente. Haveria a necessidade de trabalhar e os lideres das tribos não teriam mais tanta autoridade como no deserto. Senso assim, falaram mal da terra a fim de afastar o povo daquela realidade. Este então foi seu erro, seguindo uma explicação também trazida no livro do Zohar.
O Rebe de Kotzk oferece uma terceira opinião sobre o pecado dos Meraglim. Ele diz que o problema fundamental se encontra em um passuk muito específico: “E lá vimos gigantes...e em nossos olhos, nós parecíamos como gafanhotos perante eles, e assim também eles nos viam” (Shlach 13,33). Os espiões não apenas disseram que foram vistos como seres pequenos pelos gigantes, mas também que eles próprios se consideravam pequenos na presença das grandes criaturas. O erro, segundo o Rebe de Kotzk, foi que os Meraglim se colocaram para baixo, fizeram pouco de si próprios, ao invés de ter autoconfiança.

Muitas vezes, a principal pessoa que tem que acreditar em você, não o faz: você mesmo. O primeiro passo para o sucesso é acreditar que você é capaz daquilo que está tentando. Ao se colocar para baixo, você faz com que os outros também passem a vê-lo como alguém inferior.

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