Uma
boa parte dos Divrei Torá que existem sobre as Parshiot da Torá é composta por contradições.
É muito frequente a presença de dois versículos que parecem ser contrários um
ao outro, ou até mesmo uma oração em um passuk que parece não fazer sentido.
Quando nos deparamos com tal “problema”, temos de encontrar uma solução, que
geralmente acaba se tornando um Dvar Torá, ao conter uma bonita mensagem.
Na
Parashá dessa semana, Moshe se encontrou com D’us pela primeira vez em sua
vida, dando início a uma nova era na história do povo judeu. Nesse encontro, quando
Moshe se aproximou da sarça ardente, Hashem lhe ordenou: “Não se aproxime. Tire
os seus sapatos de seus pés, pois o lugar no qual você está é um solo sagrado”
(Shmot 3,5). Analisemos esse passuk por um instante. Hashem não deixou Moshe se
aproximar do local onde a árvore estava pegando fogo, uma vez que o local era
muito sagrado: era onde se situaria o Beit Hamikdash. Moshe não podia pisar em
um local tão santo. Porém, ao mesmo tempo, Hashem disse para Moshe retirar os
seus sapatos, pois ele se encontrava sob um local sagrado. Mas se o local onde
Moshe estava era santo, Hashem não deveria ter lhe dito para se afastar? Em
outras palavras, se um local é sagrado, Moshe não deveria nem estar pisando
ali, e se não o é, não deveria haver a necessidade de retirar os sapatos!
Explica
o Chafets Chaim (1839-1933, Rússia) que existem dois tipos de santidade. A
primeira é baseada no local físico, e existe devido à existência da presença
divina. Este seria o local onde estava localizada a sarça ardente, de onde
Moshe nem pôde se aproximar. Porém, existe um outro tipo de santidade que é criado
e desenvolvido por cada um de nós. São locais comuns que agregam um certo valor
de santidade conforme as ações do ser humano. Essa era a categoria do local
onde Moshe estava pisando, e por isso ele precisou descalçar os sapatos: ele se
encontrava em um estado de espirito tão alto, conectado com Hashem, que o
local, pelo menos naquele momento, se tornou sagrado. Por isso Moshe não precisou
se afastar. Uma vez que ele é quem estava tornando aquele ambiente santo.
Podemos
aplicar este conceito aos dias de hoje. Existem locais que por si só já são sagrados,
como uma sinagoga ou um Beit Midrash. Inclusive, há leis especificas acerca de
como devemos nos comportar em tais ambientes. Porém, além disso, nós somos
capazes de elevar a santidade de qualquer lugar, dependendo da forma como
agimos. Se você, por exemplo, se encontra no metrô e aproveita aqueles poucos
minutos para recitar salmos ou estudar algum trecho de Torá, aquele vagão onde você
está sentado se torna um local sagrado naquele momento. Se você ajuda uma
velhinha a atravessar a rua, realizando assim a Mitsvá de Chessed, você torna
aquele asfalto mais santo. Todos possuem o poder de transformar a essência do
local onde se encontram. Para fazer o bem, não é necessária uma localização específica.
Obs.: cada Parashá possui mais de um Dvar Torá. Você pode encontrá-los através dos marcadores no site, ou através da ferramenta de busca. Estes só funcionam no site Desktop.
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