quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Shmot - As duas santidades do local da sarça ardente

Uma boa parte dos Divrei Torá que existem sobre as Parshiot da Torá é composta por contradições. É muito frequente a presença de dois versículos que parecem ser contrários um ao outro, ou até mesmo uma oração em um passuk que parece não fazer sentido. Quando nos deparamos com tal “problema”, temos de encontrar uma solução, que geralmente acaba se tornando um Dvar Torá, ao conter uma bonita mensagem.
Na Parashá dessa semana, Moshe se encontrou com D’us pela primeira vez em sua vida, dando início a uma nova era na história do povo judeu. Nesse encontro, quando Moshe se aproximou da sarça ardente, Hashem lhe ordenou: “Não se aproxime. Tire os seus sapatos de seus pés, pois o lugar no qual você está é um solo sagrado” (Shmot 3,5). Analisemos esse passuk por um instante. Hashem não deixou Moshe se aproximar do local onde a árvore estava pegando fogo, uma vez que o local era muito sagrado: era onde se situaria o Beit Hamikdash. Moshe não podia pisar em um local tão santo. Porém, ao mesmo tempo, Hashem disse para Moshe retirar os seus sapatos, pois ele se encontrava sob um local sagrado. Mas se o local onde Moshe estava era santo, Hashem não deveria ter lhe dito para se afastar? Em outras palavras, se um local é sagrado, Moshe não deveria nem estar pisando ali, e se não o é, não deveria haver a necessidade de retirar os sapatos!
Explica o Chafets Chaim (1839-1933, Rússia) que existem dois tipos de santidade. A primeira é baseada no local físico, e existe devido à existência da presença divina. Este seria o local onde estava localizada a sarça ardente, de onde Moshe nem pôde se aproximar. Porém, existe um outro tipo de santidade que é criado e desenvolvido por cada um de nós. São locais comuns que agregam um certo valor de santidade conforme as ações do ser humano. Essa era a categoria do local onde Moshe estava pisando, e por isso ele precisou descalçar os sapatos: ele se encontrava em um estado de espirito tão alto, conectado com Hashem, que o local, pelo menos naquele momento, se tornou sagrado. Por isso Moshe não precisou se afastar. Uma vez que ele é quem estava tornando aquele ambiente santo.

Podemos aplicar este conceito aos dias de hoje. Existem locais que por si só já são sagrados, como uma sinagoga ou um Beit Midrash. Inclusive, há leis especificas acerca de como devemos nos comportar em tais ambientes. Porém, além disso, nós somos capazes de elevar a santidade de qualquer lugar, dependendo da forma como agimos. Se você, por exemplo, se encontra no metrô e aproveita aqueles poucos minutos para recitar salmos ou estudar algum trecho de Torá, aquele vagão onde você está sentado se torna um local sagrado naquele momento. Se você ajuda uma velhinha a atravessar a rua, realizando assim a Mitsvá de Chessed, você torna aquele asfalto mais santo. Todos possuem o poder de transformar a essência do local onde se encontram. Para fazer o bem, não é necessária uma localização específica.

Obs.: cada Parashá possui mais de um Dvar Torá. Você pode encontrá-los através dos marcadores no site, ou através da ferramenta de busca. Estes só funcionam no site Desktop.
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