Na
corrida presidencial americana, um assunto muito comentado é o caso dos emails
de Hilary Clinton. No episodio, Hilary, quando era Secretária de Estado, usou o
seu email pessoal para tratar de assuntos confidenciais, o que gerou muita
polemica e ainda está sendo investigado. Hilary simplesmente não percebeu que,
uma vez Secretaria de Estado, ela era responsável por muitas decisões tomadas,
e carregava uma serie de demandas que não existem para pessoas comuns. Ela
deveria ter pensado um pouco mais sobre os comprometimentos que a sua posição demandava.
A
Parashá dessa semana é a mais longa de toda a Torá, e fala sobre vários
assuntos, incluindo a famosa bênção dos Kohanim, proferida na reza da Amidá
diariamente pelo Chazan, e nas grandes festas por todos os Kohanim. Porém,
vamos focar em um assunto menos conhecido. Alias, um detalhe desse assunto,
menos conhecido ainda: uma lei relacionada ao Nazir.
Nazir
é uma pessoa que decide dedicar sua vida completamente à Hashem. Ele recebe
sobre si virar um Nazir e acata as proibições de cortar os cabelos, tomar vinho
ou suco de uva e se impurificar ao tocar em um morto ou ir ao cemitério. Sobre
esta última privação, diz o passuk: “para o seu pai, para a sua mãe, para seu irmão
ou irmã, não se impurificará com os seus falecimentos, pois a separação para
Hashem está sobre si” (Nasso 6,7). Em outras palavras, até mesmo quando um de
seus parentes mais próximos falece, um Nazir não pode comparecer ao enterro,
pois isto o deixaria impuro.
Nas
leis judaicas, há um outro grupo que também não pode ficar impuro: os Kohanim. Porém,
existe uma grande diferença entre os Kohanim e o Nazir. Pros primeiros, não existe
essa restrição descrita no passuk citado acima. Um Kohen não poderia ficar
impuro ao tocar num morto, porém, se tratando de um de seus parentes mais próximos,
isso era permitido. A Torá, inclusive, em Parashat Emor, lista especificamente
os graus de parentesco pelos quais um Kohen poderia se impurificar. Por que, então,
o Nazir era diferente?
Explica
o Chinuch (há discussões sobre a autoria do livro, escrito no século 13, na
Espanha), que a diferença entre um Nazir e um Kohen se encontra na natureza de
cada um deles. A lei em si é que não se pode ficar impuro por nenhum morto. Não
há uma diferença entre parentes ou outras pessoas. Porém, o bom senso da Torá
entrou em cena, e alterou a lei para os Kohanim. Enquanto o Kohen já nasce com
este titulo, e por toda a sua vida carrega as obrigações e restrições que a
Torá impõe à sua tribo, um Nazir escolheu, por livre e espontânea vontade,
dedicar sua vida à espiritualidade. Sendo assim, tal decisão levou em conta
todas as obrigações que carregava. Por isso, Hashem não exigiu de um Kohen que
se prive do enterro de seus parentes próximos, pois este não tem escolha e não aguentaria
viver com um peso desses. Já alguém que decide ser um Nazir, o fez mesmo
sabendo com o que estaria se comprometendo, e, portanto, tem que aguentar esta obrigação.
Quando
nos comprometemos com alguma coisa, devemos entender que estamos nos
responsabilizando por tudo o que esta decisão pode desencadear. Por isso, temos
sempre que pensar bastante e ponderar o que está em jogo, antes de nos
pactuarmos com algo sério.
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