quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Toldot - Olhe Para Dentro

No inicio da Parashá dessa semana, temos o relato da venda da primogenitura de Essav para Yaakov. Essav chegou cansado em sua casa e viu Yaakov cozinhando uma sopa de lentilhas. Estava com tanta fome, que não resistiu. Disse Essav para Yaakov: “Coloque na minha boca esse vermelho”. Comenta o passuk que esse acontecimento foi o motivo pelo qual o povo que se originou de Essav se chamou Edom, palavra que vem da mesma raiz da palavra Adom, que significa vermelho. O que há de tão significante nesse acontecimento, que serviu de base para o nome do povo de Essav? Só porque ele usou a palavra vermelho, sua nação recebeu um nome parecido?
Quando você leu o pedido de Essav, provavelmente notou uma palavra bem estranha. Ao pedir uma porção de batata frita no restaurante, qual é o jeito mais comum de se falar? Uma porção de fritas, ou uma porção de amarelas? Bom, a pergunta é retórica, pois sua resposta é obvia. O que então Essav quis dizer quando pediu para Yaakov lhe dar o vermelho? Por que não falou simplesmente lentilhas? Ou sopa?
Realmente, a cor da sopa de lentilhas de Yaakov era vermelha (meio estranho lentilhas com essa cor, mas, pelo pouco que entendo de cozinha, pode ser que ele usou paprica). Essav quando chegou em casa cansado, olhou para a comida e nem pensou no que era. Não lhe importava se era algo bom ou ruim, se era saudável, se ele gostava ou não. A única coisa que ele sabia é que queria comer. E a maneira de identificar aquele cozido que não significava nada alem de uma maneira de satisfazer a sua vontade, foi pela cor: vermelha.
Essav possuía uma característica fundamental, de olhar apenas a parte exterior das coisas. O conteúdo não lhe importava, os detalhes não eram importantes. Se por fora parecesse bom, se lhe causasse vontade, não pensava duas vezes. Por isso a Torá diz no local que por esse motivo o seu povo foi chamado de Edom, em alusão à essa característica, que também predominava nos seus descendentes: o que importa é o superficial.

O judaísmo prega justamente o contrário. Diz o Pirkei Avot: não olhe o cantil, mas sim o que se encontra dentro. As aparências enganam e cabe a nós analisar e tomar decisões baseadas em informações, raciocínio e conhecimento.

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