No
inicio da Parashá dessa semana, temos o relato da venda da primogenitura de
Essav para Yaakov. Essav chegou cansado em sua casa e viu Yaakov cozinhando uma
sopa de lentilhas. Estava com tanta fome, que não resistiu. Disse Essav para
Yaakov: “Coloque na minha boca esse vermelho”. Comenta o passuk que esse
acontecimento foi o motivo pelo qual o povo que se originou de Essav se chamou
Edom, palavra que vem da mesma raiz da palavra Adom, que significa vermelho. O
que há de tão significante nesse acontecimento, que serviu de base para o nome
do povo de Essav? Só porque ele usou a palavra vermelho, sua nação recebeu um
nome parecido?
Quando
você leu o pedido de Essav, provavelmente notou uma palavra bem estranha. Ao
pedir uma porção de batata frita no restaurante, qual é o jeito mais comum de
se falar? Uma porção de fritas, ou uma porção de amarelas? Bom, a pergunta é retórica,
pois sua resposta é obvia. O que então Essav quis dizer quando pediu para
Yaakov lhe dar o vermelho? Por que não falou simplesmente lentilhas? Ou sopa?
Realmente,
a cor da sopa de lentilhas de Yaakov era vermelha (meio estranho lentilhas com
essa cor, mas, pelo pouco que entendo de cozinha, pode ser que ele usou paprica).
Essav quando chegou em casa cansado, olhou para a comida e nem pensou no que
era. Não lhe importava se era algo bom ou ruim, se era saudável, se ele gostava
ou não. A única coisa que ele sabia é que queria comer. E a maneira de identificar
aquele cozido que não significava nada alem de uma maneira de satisfazer a sua
vontade, foi pela cor: vermelha.
Essav
possuía uma característica fundamental, de olhar apenas a parte exterior das
coisas. O conteúdo não lhe importava, os detalhes não eram importantes. Se por
fora parecesse bom, se lhe causasse vontade, não pensava duas vezes. Por isso a
Torá diz no local que por esse motivo o seu povo foi chamado de Edom, em alusão
à essa característica, que também predominava nos seus descendentes: o que
importa é o superficial.
O
judaísmo prega justamente o contrário. Diz o Pirkei Avot: não olhe o cantil,
mas sim o que se encontra dentro. As aparências enganam e cabe a nós analisar e
tomar decisões baseadas em informações, raciocínio e conhecimento.
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