Na Parashá Emor, Moshe descreve para Am Israel todas as festividades
judaicas. Diz o passuk: “Estas são as festas que vocês irão nomear...” Explicam
nossos sábios que para cada festa há um nome especifico, especial para a
ocasião. Um exemplo é a festa de Shmini Atseret, que ocorre depois dos sete
dias de Sucot. Ela possui esse nome, “Atseret”, que significa finalização, uma
vez que é a conclusão da festa de Sucot.
Você deve estar pensando o que esta
introdução tem a ver com a festa de Shvuot. A resposta é que apesar de na Torá a festa de Shavuot ser chamada de “Chag
Habicurim”, nossos sábios a nomearam também “Atseret”. Cabe então uma pergunta:
o que a festa de Shavuot está finalizando, para receber esse nome? O que está
sendo concluído na festa de Shavuot?
Para responder essa pergunta, vamos
voltar um pouco no tempo, e fazer uma pergunta sobre a Hagadá de Pessach. No Má
Nishtaná quando trazemos as diferenças entre a noite de Pessach e as outras
noites do ano, dizemos que em todas as noites comemos Chamets junto com Matsá,
e comparamos com Pessach, quando comemos apenas Matsá. Porém, geralmente,
durante o ano, comemos apenas Chamets! Em quais situações se comia Chamets
junto com Matsá?
Existia no templo uma oferenda
chamada “Korban Todá”, o
sacrifício do agradecimento, que era trazido quando a pessoa se salvava de
situações perigosas. Esse Korban possui uma
lei um tanto peculiar, que diz que a pessoa que traz o animal para ser
sacrificado, deve trazer também dez pães (Chamets), e 30 Matsot. Então nessa
situação, quando alguém trazia um Korban Todá, se
comia Chamets junto com Matsá.
A oferenda de Pessach, por sua vez, também era um Korban Todá, trazido para agradecermos a Hashem que
nos salvou do exilio egípcio. Porém, junto com o animal sacrificado, só eram
comidas Matsot. Não havia Chamets. Essa então é a comparação do Ma Nishtaná:
apesar de trazermos um sacrifício de agradecimento em Pessach, não trazíamos
Chamets junto com ele, diferentemente do resto do ano.
Na verdade, esses pães de Chamets que não foram trazidos em Pessach,
não são deixados de lado. Na festa de Shavuot, era trazida uma oferenda chamada
Shtei Halechem, “Os dois pães”, que era composta justamente por pães
fermentados (Chamets). Ou seja, esse Korban de Shavuot
vinha completar o de Pessach.
Vemos então que há uma ligação direta entre Pessach e Shavuot. E é por
isso que Shavuot possui também o nome de “Atseret”, uma vez que vem concluir a
festividade de Pessach. Da mesma forma que Shmini Atseret completa Sucot, e há
uma semana de Chol Hamoed entre as duas, Shavuot completa Pessach; a única
coisa é que são sete semanas entre elas.
Dessa “sociedade” entre Pessach e Shavuot, aprendemos uma grande
lição. Explica o Sfat Emet, um grande rabino chassídico, que a Matsá, trazida
em Pessach, simboliza a passividade. Devemos deixá-la assar por 18 minutos, não
podemos incrementar, nem acrescentar nada nosso. Isso nos remete à salvação do
Egito, que partiu 100% de Hashem, uma vez que o povo judeu não tinha muitos
méritos para ser salvo (se encontravam no 50o nível de impureza). O
Chametz, por outro lado, é formado após acrescentarmos algo na massa, por
iniciativa nossa. Deixamos assar mais, colocamos mais fermento, açúcar, sal,
etc. E é o Chamets que acompanha a festa de Shavuot, quando o povo participou,
disse Naasse Venishma, e concordou em receber a Torá. Tivemos
nossa parte no Matan Torá, não foi
apenas Hashem. Como dizem nossos sábios, no monte Sinai houve um casamento
entre Hashem e Am Israel.
Em nossas vidas, temos de ter também este equilíbrio. Não podemos ser
sempre passivos, esperando que tudo se resolva, “empurrando os problemas com a
barriga”. Apesar de sabermos que Hashem sempre nos ajudará, devemos agir.
Quando vemos que algo não está certo, temos de tentar mudar. Quando as coisas
não estão indo conforme o esperado, há a necessidade de tomar alguma medida
mais drástica. Se fizermos o nosso esforço, Hashem com certeza se juntará a nós.
Como disse o filósofo Russeau, “o homem não foi feito para meditar, mas para
agir”.
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